Automóvel não partilhado é meio de transporte exclusivo para 1/3 dos inquiridos pela Quercus

Quase um terço dos cidadãos (29%) que participaram num questionário promovido pela Quercus sobre os seus hábitos de mobilidade admite utilizar exclusivamente o automóvel particular nas deslocações diárias casa-trabalho-casa, em que são os únicos ocupantes do veículo. Considerando também os inquiridos que afirmam partilhar o automóvel, mas não utilizam outro meio de transporte, a percentagem aumenta para 35%.

Para além disso, apenas 27% dos inquiridos que só utilizam o automóvel (partilhado ou não) admite mudar para os transportes coletivos se estes existissem na sua zona de trabalho e/ou residência, embora mais de metade (52%) afirme que já existem.

Relativamente às opções de mobilidade com menos impacte ambiental, 24% utiliza somente os transportes coletivos e apenas 8% opta pela bicicleta como forma para se deslocar diariamente, refere a associação ambientalista.

Quando questionados sobre quais as três falhas mais frequentes nos transportes coletivos das suas cidades, há uma variação nos fatores selecionados pelos inquiridos consoante sejam ou não utilizadores frequentes dos mesmos. Assim, os atrasos/anomalias; a deterioração dos veículos/infra-estruturas e a supressão de carreiras/horários são os principais pontos negativos para quem se desloca de transportes coletivos; já a abrangência geográfica, o preço elevado e a falta de interfaces/articulação e informação sobre carreiras/horários são as principais falhas para os utilizadores do automóvel.

Num total de 212 automóveis em 136 inquiridos (uma média de 1,5 por pessoa), apenas 1,5% dos veículos declarados são híbridos ou elétricos. Isto significa que 98,5% são movidos exclusivamente a combustíveis fósseis, sendo o gasóleo o mais utilizado (55%).

Tendo sido um tema acompanhado pela Quercus de forma regular, questionou-se os inquiridos sobre se estavam a par dos casos de manipulação de emissões poluentes na indústria automóvel e qual o seu nível de preocupação em relação a este assunto. Das respostas obtidas, 44% afirma estar muito preocupado com o tema e ter acompanhado com atenção as notícias sobre o mesmo. Uma percentagem muito residual (3%) não estava a par do assunto e apenas 6% afirmam estar pouco ou nada preocupados face a esta matéria.

Cruzando as respostas a esta pergunta com o meio de transporte mais utilizado, verifica-se que 53% dos inquiridos que apenas se deslocam de transportes coletivos responderam estar ‘muito preocupados’, ao passo que esta opção só foi selecionada por 42% dos participantes que usam apenas o automóvel.

Já no que respeita a qual consideravam ser a principal causa do incumprimento da legislação por parte da indústria automóvel, 45% dos inquiridos indicou a fiscalização ineficiente por parte das entidades reguladoras e 28% o protecionismo de alguns países para com a sua indústria automóvel. Voltando a analisar as respostas segundo o meio de transporte utilizado, quem se desloca de automóvel dá mais relevância ao poder de lobby da indústria automóvel e quem utiliza os transportes coletivos põe mais ênfase na falta de regulamentação e fiscalização do setor.

Melhor ordenamento urbano é a medida mais valorizada
Numa perspetiva de melhoria da qualidade do ar, foi pedido aos inquiridos que classificassem a importância de um conjunto de medidas de redução do tráfego automóvel. Quem se desloca de automóvel atribui mais valor a medidas como a melhoria do ordenamento urbano; a criação de mais corredores BUS; o agravamento da carga fiscal para veículos mais poluentes e a criação de zonas ZER. Este grupo de inquiridos tende a desvalorizar a existência de portagens urbanas; as restrições ao estacionamento dentro da cidade e a promoção do carsharing. O ordenamento urbano, os corredores BUS e o agravamento da carga fiscal são também as medidas mais valorizadas por quem se usa exclusivamente os transportes coletivos.

Considerando a totalidade da amostra, a melhoria do ordenamento urbano foi a medida que mais vezes recebeu a valorização máxima (5) e a existência de portagens urbanas a que mais vezes foi classificada com o valor mínimo (1).

Quanto à valorização do impacte que a escolha do meio de transporte diário pode ter a vários níveis, tanto os inquiridos que usam exclusivamente o automóvel como os que apenas se deslocam de transportes coletivos foram unânimes em considerar que essa opção pode ser ‘muito impacte’ na saúde. Quem se desloca só de automóvel dá mais destaque ao impacte na qualidade de vida (88%) e menos ao impacte na economia (52%). Já os utilizadores dos transportes coletivos valorizam mais o impacte sobre o ambiente local – cidade (89%) e menos o impacte sobre a economia (69%). O ‘Ambiente global’ foi a opção a reunir mais respostas que consideraram não haver ‘nenhum impacte’ a esse nível das opções de mobilidade diária.