COP21 criticada nos Green Project Awards

A 8ª edição dos Green Project Awards (GPA) revelou, esta manhã, na Culturgest, o que de melhor se faz na área do ambiente em Portugal. A entrega dos prémios da 8ª edição da iniciativa que já é uma referência na área do desenvolvimento sustentável ficou, ainda, marcada pela realização de uma mesa redonda subordinada ao tema “COP21 – conclusões e desafios”, constituída por Filipe Duarte Santos (CCIAM), Filipe Araújo (câmara municipal do Porto), Franco Caruso (Brisa) e João Branco (Quercus).

Filipe Duarte Santos, cientista que estuda as alterações climáticas, lembrou que “a conferência de Paris foi um passo importante” e que agora “ainda há muito a fazer”. “Os efeitos das alterações climáticas já se estão a sentir. Estabelecer um preço no carbono era importante para limitar este consumo”, adiantou. Já João Branco, presidente da Quercus, aproveitou o momento para tecer algumas críticas à COP21. “A linguagem da COP21 não chegava a todas as pessoas. Era uma linguagem muito técnica e as pessoas têm de perceber em que medida as reduções de emissões podem afetar a sua vida e elas não sabem”, apontou. “A conferência foi muito importante em termos políticos e práticos mas não estabeleceu metas obrigatórias. O acordo tem muitas falhas, foi um bom ensaio geral e talvez em 2018 saia melhor”, acrescentou.

Já Filipe Araújo, que detém o pelouro da Inovação e Ambiente da câmara municipal do Porto, lembrou as medidas amigas do ambiente que a autarquia tem tomado nos últimos tempos, como a instalação de lâmpadas LED e destacou que o número de passageiros do metro do Porto está a aumentar, “o que está a fazer com que as emissões de CO2 na cidade diminuam”. Filipe Araújo salientou, ainda, que “as cidades não devem ser entendidas apenas como consumidores mas como produtores de energia”. Franco Caruso, diretor de comunicação da Brisa, por sua vez, sublinhou que “entre viver bem e sustentavelmente, o consumidor prefere viver bem”.

João Branco, aproveitou, ainda, o evento dos GPA para deixar um apelo aos mais jovens para participarem neste tipo de iniciativas. Ideia com a qual o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, que presidiu à sessão de abertura, também reforçou.”Temos de fazer um apelo junto das universidades para envolver os mais jovens. Portugal tem muito a ganhar com iniciativas desta natureza”, frisou. Já o secretário de Estado da Juventude, João Wengorovius Meneses, destacou que “as escolas têm de ser um espaço de criação de um mundo mais sustentável e melhor” e que está na mão dos jovens fazê-lo. Este ano só houveram seis candidaturas à categoria “jovens”.

“A economia verde começou por ser uma bizarria, depois passou a ser uma moda e, agora, é o setor que mais cresce”, concluiu o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes.

A cerimónia de entrega de prémios contou, também, este ano, com a presença do empreendedor espanhol Javier Goyeneche, presidente e fundador da Ecoalf, uma inovadora marca de moda sustentável, que faz produtos têxteis a partir de plástico, algodão, redes de pesca e até pneus reciclados. Javier Goyeneche salientou, em entrevista à Ambiente magazine, que Espanha e Portugal ainda estão “muito atrasados” no que diz respeito ao “despertar para a importância da reciclagem”.