ETAR de Leça Da Palmeira e Gaia Litoral no top 3 das mais poluentes à escala europeia

As estações de tratamento de águas residuais (ETAR) de Leça da Palmeira, em Matosinhos, e Gaia Litoral ocupam o 2.º e 3.º lugares de poluição por metais pesados à escala europeia.

Esta lista, recentemente divulgada pela Agência Europeia do Ambiente indica os dados relativos ao Registo de Emissões e Transferências de Poluentes de 2015, uma informação sobre a poluição feita pelas maiores instalações industriais na Europa. Em causa estão poluentes chave e a sua libertação para o ar, a água e solo.

Neste ranking, identificam-se 59 instalações como sendo as com maiores emissões abrangendo os diferentes poluentes selecionados, sendo que Portugal ocupa o segundo e terceiro lugar desta lista, com as duas instalações

Em comunicado, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável explica que as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Leça da Palmeira e de Gaia Litoral “emitem, respetivamente, 10 950 kg e 8906 kg de metais pesados, 3,5 e 2,9% do total europeu reportado, sendo as duas responsáveis por uma emissão total para a água de 6,4% dos metais pesados lançados para o meio aquático”.

“Esta situação deve ser devidamente analisada e esclarecida, dada a enorme expressão que as duas estações de tratamento de águas residuais portuguesas têm à escala europeia, nomeadamente pelo impacte que podem ter nos ecossistemas e na cadeia alimentar oceânica, apesar de serem efetivamente instalações de grande dimensão e abrangerem uma população muito significativa e certamente algumas pequenas unidades industriais”, defendem.

A Zero lembra ainda que os “metais pesados libertados nos ecossistemas podem sofrer bioacumulação nos organismos vivos ao longo de toda a cadeia trófica. Desta forma, os metais pesados presentes nas descargas de águas residuais das ETAR de Leça da Palmeira e de Gaia Litoral no Oceano Atlântico terão como inevitabilidade a acumulação destes nos seres marinhos que habitam as nossas águas costeiras, sendo que alguns, como peixes e bivalves, têm valor económico e podem ser consumidos pelos portugueses”.