UE pede que grandes economias definam metas de redução de emissões “o quanto antes”

A pouco mais de três meses da realização da Conferência de Paris sobre as alterações climáticas, o comissário europeu do Clima e da Energia, Miguel Arias Cañete, disse hoje que este encontro será “um marco histórico” e “uma oportunidade única para acelerar a transição para uma economia global hipocarbónica e resiliente às alterações climáticas”.

O comissário não critica nenhum dos parceiros internacionais, mas recordou que tanto a União Europeia como os Estados Unidos e a China, os três maiores emissores, já definiram as suas metas de redução de emissões, pelo que “agora outras grandes economias têm que fazer o mesmo, o quanto antes melhor”.

“O que estamos a fazer é pedir aos países do G7 e do G20 que apresentem propostas ambiciosas, porque antes da cimeira de Paris temos que analisar o nível global de ambição e ver se estamos em linha com o objetivo”, afirmou em conferência de imprensa em Bruxelas. Nesse sentido, o comissário mencionou a Argentina, o Brasil, a Turquia, a Arábia Saudita, a África do Sul, a Índia e a Indonésia.

A cem dias do começo da cimeira COP21, que se celebrará em dezembro na capital francesa, Miguel Arias Cañete advertiu que é necessário acelerar os esforços, lamentando que o progresso nas negociações técnicas não se esteja a desenrolar à velocidade das conversações políticas, estando estas a ser “seriamente” atrasadas. “O tempo disponível para atingir o nosso objetivo de manter o aumento da temperatura mundial abaixo dos 2 graus está a esgotar-se rapidamente”, sublinhou. “O progresso tem sido dolorosamente lento”, afirmou, defendendo que “isto tem que mudar”.

O comissário destacou, ainda, a posição europeia de chegar a um acordo de cumprimento obrigatório com os países que representam 80% das emissões mundiais, que incluiria um processo de revisão a cada cinco anos. “Não pode ser um acordo baseado num mínimo elemento de acordo comum, tem que ser um acordo ambicioso”, explicou.

O político espanhol recordou, também, que o financiamento é uma parte fundamental do acordo, lembrando que os países capazes de ajudar devem dar o seu contributo.

No final da semana passada, Christiana Figueres, responsável da ONU para as alterações climáticas, alertou para o facto de os contributos que os países puseram em cima da mesa poderem não ser suficientes para alcançar a meta dos 2 graus. Para Miguel Arias Cañete, “a questão agora é o que devemos fazer a este respeito”. Tendo apenas mais dez dias para negociações até à  reunião em Paris e a próxima reunião no final deste mês em Bona, disse que é preciso concentrar-se em três pontos importantes:  “as negociações técnicas devem avançar mais depressa, importa que mais países apresentem contributos ambiciosos e, talvez o mais importante, é necessário definirmos quais os elementos cruciais para o sucesso da Conferência de Paris”, frisou.