30% das maiores empresas da Europa estão comprometidas em atingir “Net-Zero” até 2050

O compromisso das organizações com o objetivo de zero emissões líquidas de carbono (net-zero), acelerou nos últimos dois anos, havendo neste momento quase um terço (30%) das maiores empresas da Europa comprometidas com a meta de atingir o Net-Zero até 2050. A conclusão é de um novo estudo da Accenture.

O “Reaching Net Zero by 2050” que analisou dados de mais de mil empresas com cotação nas principais bolsas da Europa demonstrou que definir metas ajuda a acelerar a transição para net-zero – ou seja, o momento em que uma organização reduz as suas emissões de CO2, e outros gases de efeito estufa (GEE) a zero, ou alcança um equilíbrio entre a quantidade de emissões de GEE que produz e a quantidade removida da atmosfera. Durante a última década, “as organizações que definiram uma meta net-zero, conseguiram reduzir as suas emissões, em média 10%, enquanto as que optaram por não o fazer aumentaram as suas emissões”, indica o estudo.

Já as empresas do Reino Unido foram as mais propensas a definir uma meta de net-zero, cobrindo as emissões de alcance 1, 2 e 3, totalizando 37%, em comparação com 27% na Alemanha e 18% em França.

Em média, o ano em que as empresas europeias incluídas no estudo apontam para alcançar o net-zero, é 2043. Em indústrias intensivas em carbono – como petróleo, gás e produtos químicos – muitas das organizações estabeleceram a meta net-zero para 2050 ou perto, enquanto outras em setores de serviços apontam para perto de 2035, refere o estudo, partilhado pela Accenture.

“A comunidade empresarial europeia está mais envolvida do que nunca na jornada para net-zero, havendo um crescimento acentuado nos últimos dois anos do número de organizações que divulgaram publicamente”, diz Jean-Marc Ollagnier, CEO da Accenture na Europa, destacando que “o Net-Zero deve ser gerido como qualquer prioridade estratégica de negócio: devem estabelecer-se objetivos claros para conduzir toda a organização na mesma direção e acompanhar o progresso, de forma a ajustar a trajetória de acordo com o necessário. Tornar os objetivos públicos também ajuda a criar um ímpeto coletivo fundamental, pois as empresas não podem fazê-lo sozinhas.”

O estudo alerta para importância de acelerar medidas: “Apenas 5% das empresas estão no caminho certo para cumprir as suas metas”. No entanto, o estudo da Accenture constatou que se continuarem o ritmo de redução de emissões apresentado entre 2010 e 2019, apenas uma em cada 20 (5%) empresas europeias está no caminho certo para atingir as datas com que se comprometeram para o net-zero nas suas próprias operações, cobrindo as emissões de alcance 1 e 2. A este ritmo, “apenas 9% conseguirá cumprir a meta de 2050”. As empresas que alcançaram reduções menos significativas das suas emissões desde 2010 – ou seja, redução de 0 a 5% ao ano – podem ainda chegar o net-zero antes de meados do século, se duplicarem o ritmo de redução de emissões até 2030 e o triplicarem até 2040, destaca o estudo.

“Embora o número de novas metas definidas seja reconfortante, ainda é claro que as organizações não se estão a transformar com a rapidez suficiente”, afirma Peter Lacy, chief responsible officer e responsável global pela área de Sustainability Services da Accenture, reforçando que “as empresas e Governos de todo o mundo precisam de concentrar os seus esforços em ações concretas, que sigam metas robustas para enfrentar o desafio que o nosso planeta enfrenta para atingir o net-zero até meados do século, e suster o aquecimento global em 1,5 ° C.”

O relatório sugere soluções específicas e pontos de partida para atingir o net-zero em diversos setores, que incluem o automóvel, produtos químicos, construção, financeiro, retalho e transportes.

O estudo da Accenture também mostra que sete setores – principalmente setores de serviços profissionais, informações e comunicações – estarão no caminho certo para net-zero nas suas operações até 2050, se duplicarem o ritmo de redução de emissões nesta década e, em seguida, acelerarem outros 50% a 70% nos próximos 10 anos. Um acelerar mais radical será necessário em cinco setores que representam 42% dos gases de efeito estufa emitidos por todas as empresas na amostra do estudo, para atingir net-zero em meados do século: “automóvel, construção, indústria transformadora, petrolífero e transporte e armazenamento”.