ASPEA: “Educação Ambiental é, mais que nunca, importante e necessária”

“Estas jornadas realizam-se num momento em que o nosso planeta enfrenta várias crises, umas mais visíveis e outras menos visíveis. Falamos de crises humanitárias em vários pontos do planeta, crises de direitos humanos e ambientais, crise climática, crise de perda de biodiversidade, entre outras”. A declaração é de Joaquim Ramos Pinto, presidente da ASPEA, na sessão de abertura das XXVIII Jornadas Pedagógicas de Educação Ambiental. Sob o tema “Educação Ambiental e Cultura Democrática”, as Jornadas decorreram entre os dias 8 e 10 de abril, em Almada.

Para além da presença do presidente da ASPEA, a sessão de abertura contou com a responsável da Escola Superior de Educação do Instituto Jean Piaget do Sul, Clementina Nogueira, Eulália Alexandre em representação da Direção-Geral da Educação, Francisco Teixeira da Agência Portuguesa do Ambiente, do CCDR-LVT José Alho, Duarte Mata, diretor do Departamento de Inovação, Ambiente, Clima e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Almada, destacando a presença do Primeiro secretário dos assuntos económicos, em representação da Embaixada da Ucrânia, Serhii Koroluik.

O presidente da ASPEA chamou a atenção para a importância de se “encontrar, através da educação, e Educação Ambiental em particular pontos comuns que possam provocar uma forte mobilização de toda a sociedade sem deixar qualquer grupo de fora do processo, para responder e encontrar em conjunto as melhores soluções no presente que possam ser seguidas, ajustadas ou alteradas no futuro”.

Para Joaquim Ramos Pinto, “a Educação Ambiental é, mais que nunca, importante e necessária, tanto pelo contexto atual, ao atravessarmos um período pandémico da Covid-19 mas, também, pelas crises que enfrentamos, crises estas que acentuam as desigualdades sociais, o aumento da pobreza e dos grupos invisíveis”.

“Todos nós somos chamados a intervir nos processos de decisão política, em especial à escala local e também precisamos de trabalhar e mobilizar as nossas comunidades para as causas ecosociais”, rematou o presidente da ASPEA, citado num comunicado.

Por seu turno, Eulália Alexandre, representante da Direção Geral da Educação, sublinhou a importância do conhecimento: “Só podemos ter uma opinião se tivermos conhecimento. E que queremos promover o conhecimento, mas acima de tudo queremos que os jovens passem à ação”. As Jornadas, promovidas pela ASPEA, são vistas como “dar significados às aprendizagens. Estamos com este evento a dar voz aos nossos alunos, a dar-lhes conhecimento e a trazê-los para a causa comum, que é o nosso planeta”, declarou.

Ainda na sessão de abertura, Francisco Teixeira da Agência Portuguesa do Ambiente, destacou a Estratégia Nacional de Educação Ambiental (ENEA), como “oportunidade e espaço de dinâmica mobilizadora entre os atores envolvidos nas políticas públicas”.

Seguidamente José Alho, representante da CCDR-LVT, falou na importância de “ter o foco de que a educação, contrariamente à informação, é um processo continuado: não se esgota nos bancos da escola”, destacando que a “resiliência que é necessária para os melhores resultados”.

O Primeiro Secretário dos Assuntos Económicos, em representação da Embaixada da Ucrânia, Serhii Koroluik, participou na sessão de abertura deixando o seu sentido agradecimento pelo convite e pelo interesse em debater nestas jornadas o tema da guerra da Ucrânia e a importância para a Educação Ambiental. O responsável abordou os ataques russos a pontos estratégicos energéticos da Ucrânia, nomeadamente às duas centrais nucleares (Chernobyl e Zaporizhya): “Por falta de educação e informação os soldados russos mantiveram-se nas zonas radioativas de Chernobyl e já retiraram por estarem a sofrer efeitos da radiação”.

Finalizando a sessão de abertura, Duarte Mata, diretor do Departamento de Inovação, Ambiente, Clima e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Almada, reforçou a a mensagem que “não há planeta B, e que o ambiente e a sustentabilidade são a base para podermos viver neste mundo, e são as gerações mais jovens que estão a pressionar a sociedade para o futuro”. Para Duarte Mata, “o pior que pode haver hoje, quando falamos de Educação Ambiental, é passar uma mensagem e assistir a práticas contrárias. Não podemos pedir às pessoas que salvaguardem os recursos e não oferecer um enquadramento institucional, democrático e económico que lhes permita fazer as suas escolhas individuais. Isto é criar na sociedade um beco sem saída”. No que ao papel dos Municípios diz respeito, o responsável considera que “as autárquicas têm competências que podem ajudar a melhorar as condições das vidas das pessoas: é preciso as autarquias devem desenvolver um trabalho local para uma intervenção global”. A sua mensagem chave é a de que “o ambiente deve ser um promotor da qualidade de vida e não um constrangimento.

Segundo uma nota, divulgada pela ASPEA, os trabalhos continuaram nos dias seguintes, contando com saídas de campo, mesas de debate, e diversos recursos pedagógicos e comunicações.