“A bioeconomia também cresce na floresta”

Por: The Navigator Company 

O combate às alterações climáticas e a descarbonização da economia levam a um novo protagonismo da floresta, enquanto motor de evolução de uma economia fóssil e linear para um paradigma de bioeconomia circular que se desenvolve em harmonia com a natureza.

Os estímulos à operacionalização da bioeconomia passarão pela valorização da biomassa florestal e dos subprodutos e resíduos agroindustriais. Isto significará uma melhor gestão e proteção da floresta, com todos os benefícios associados.

A floresta é, assim, o tronco comum de um desenvolvimento sustentável em todos os seus três pilares: ambiental, social e económico. As florestas portuguesas cresceram com base na ação humana, um facto que reforça o mérito desta relação e que sublinha o quanto a defesa e a valorização do capital natural e dos serviços dos ecossistemas podem ganhar se assentarem num tecido social e económico forte e coeso, com proprietários, produtores e empresas da fileira a gerir com responsabilidade um património nacional que tem potencial para gerar múltiplos benefícios para as comunidades locais, promovendo a sua qualidade de vida.

A alteração de paradigma de desenvolvimento económico representa novas oportunidades para os produtos de base florestal e para a redução da dependência dos materiais de origem fóssil, num modelo de desenvolvimento que harmoniza a criação de valor com a preservação da natureza.

As indústrias de base florestal estão bem posicionadas para implementar esta transição, nomeadamente a indústria de pasta e papel, que usa como matéria-prima um recurso renovável, é tendencialmente neutra em emissões carbónicas e adota as melhores práticas de economia circular. A CEPI (Confederation of European Paper Industries), no seu “2050 Roadmap to a Low Carbon Bioeconomy”, prevê um aumento de 50% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor até 2050, sendo 40% deste aumento resultante de novos bioprodutos (que não pasta ou papel).

Por cá, projetos como o Inpactus – do consórcio constituído pela The Navigator Company, o RAIZ (Instituto de Investigação da Floresta e Papel) e as universidades de Coimbra e de Aveiro, e com a participação de várias outras universidades e centros de investigação e desenvolvimento nacionais e internacionais –, contribuem para um plano estratégico onde as fábricas de pasta e papel evoluirão gradualmente para biorrefinarias de base florestal.

O relatório “Mapping Portugal’s bio-based potential”, do BIC – Bio-based Industries Consortium, de março de 2021, considera que Portugal se encontra numa posição privilegiada para liderar a transição para a bioeconomia na Europa, e identifica as indústrias da “alimentação e bebidas”, da “pasta e papel” e “do processamento de madeira” como três dos motores nacionais para esta transformação.

É um desafio com a dimensão do planeta. Mas a floresta está aí para nos acompanhar. Como sempre.

Este artigo foi publicado na edição 93 da Ambiente Magazine