“A estratégia de descarbonização (de Portugal) é hoje ainda mais decisiva”

“Estamos numa fase de enorme evolução e de grande dinâmica da inovação tecnológica e, associado a estas mudanças que, porventura, vão originar um novo paradigma no futuro, temos as mudanças nas fontes de energia”. Este foi o ponto de partida para João Neves, secretário de Estado da Economia, referir que o desafio de Portugal é comum ao da União Europeia e do mundo, mas “há uma estratégia clara” do lado português de descarbonização daquilo que são as atividades económicas e humanas: “Essa estratégia de descarbonização é hoje ainda mais decisiva em função dos acontecimentos que vivemos – a guerra na Europa – com implicações fortíssimas dos custos de energia, acelerando a necessidade da mudança das fontes de energia para responder não apenas à conjuntura, mas ao futuro do ponto de vista das atividades económicas”.

O secretário de Estado da Economia, que falava esta sexta-feira, 30 de setembro, na sessão de abertura do Portugal Mobi Show, reiterou a importância do “caminho decisivo e crítico que todos os investimentos na descarbonização” possam e devam ser feitos o mais rápido possível: “Qualquer hesitação, do ponto de vista de investimentos que devem ser feitos hoje e adiar para o futuro, significa hipotecar a capacidade de mais rapidamente responder também ao desafio imenso daquilo que são os custos da energia”.

No que à mobilidade diz respeito, João Neves reconhece os desafios, mas foca-se nas “oportunidades de transformação estrutural” da economia, para destacar que “as nossas capacidades no domínio da mobilidade são fortes”. A título de exemplo, o responsável lembra que “temos um terço das exportações de bens à volta da produção de automóvel”, bem como “empresas instaladas em Portugal com capacidades no domínio das respostas aos desafios que temos”. Desta forma, “temos que acelerar o processo de transformação, juntando o conhecimento que os centros, faculdades e empresas podem trazer para uma capacidade de adaptação mais rápida”. A isto, somam-se os “instrumentos de política pública, onde favorecemos as atividades em consórcios: temos bons exemplos na área da mobilidade que foram submetidos às agendas de inovação empresarial do PRR e temos esperança nesses resultados”. O foco é que “Portugal possa estar na crista da onda desta mudança tecnológica que está associada à mobilidade”, sustenta o responsável, lembrando que se trata de um “desafio coletivo” para as empresas, Estado e cidadãos.

João Neves destacou ainda que a nova mobilidade, representada pelo fim dos motores de combustão, não é simplesmente como aquela que se fazia no passado:”É a possibilidade de utilizar os veículos com mecanismo de conexão com o mundo, ou seja, os veículos vão passar a ser parte da nossa casa (…) e muito daquilo que vai ser a mobilidade nas cidades vai ser feito por instrumento de tipo novo (partilhados) mais próximos de natureza coletiva”. Portanto, “vamos ter uma transformação no papel da mobilidade nas políticas das cidades: é um desafio de natureza abrangente e coletiva em que o papel de cada um – Estado Central, Autarquias, agentes económicos – deve somar a este processo de transformação”. O secretário de Estado da Economia está confiante quanto à transformação que se avizinha: “Temos todas as condições para que este desafio seja bem sucedido para a nossa economia e sociedade”.