A Pegada de Carbono como critério para ser fornecedor nas grandes superfícies: um aviso urgente às empresas portuguesas

Por Footprint Consulting

No contexto atual, vender nas grandes superfícies deixou de ser apenas uma questão de qualidade ou preço. A sustentabilidade e a transparência ambiental tornaram-se critérios determinantes. Cada vez mais, os principais grupos empresariais exigem que os seus fornecedores meçam a sua pegada de carbono, como condição para manter ou iniciar contratos comerciais.

Muitos dos referidos Grupos já implementaram políticas rigorosas nesse sentido. Fornecedores que não comprovem práticas de gestão ambiental e cálculo da pegada de carbono são automaticamente excluídos da cadeia de fornecimento. Este é apenas o começo de uma tendência que se tornará obrigatória com a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) da União Europeia.

A CSRD vai exigir que as empresas reportem de forma transparente as suas emissões de carbono, incluindo Scope 1, 2 e 3. A não conformidade não será apenas uma questão de imagem: haverá penalizações legais e restrições de acesso a mercados internacionais. Para empresas que pretendem vender para grandes retalhistas ou atuar globalmente, medir e reportar a pegada de carbono deixará de ser opcional.

Além do risco de exclusão comercial, há benefícios tangíveis para empresas que adotam estas práticas. No setor bancário português, vários bancos já aplicam políticas diferenciadas para empresas com forte desempenho ESG. Por exemplo:

  • Millennium BCP oferece linhas de crédito com condições preferenciais a empresas com certificação ambiental e relatórios de sustentabilidade atualizados.
  • Santander Totta concede redução de taxas de juro em financiamentos a empresas que demonstrem pegada de carbono controlada e projetos de eficiência energética.
  • Caixa Geral de Depósitos e Banco BPI já estruturam produtos de crédito “verde” com incentivos diretos para empresas ESG-compliant, incluindo acesso a empréstimos mais competitivos e linhas de investimento sustentável.

Apesar de alguns empresários acreditarem que medir a pegada de carbono envolve custos elevados, a realidade mudou significativamente com o aparecimento de plataformas SaaS, cujos relatórios têm certificação ISO e estão alinhadas com o GHG Protocol. Estas ferramentas permitem que empresas de qualquer dimensão gerem relatórios precisos e auditáveis, sem necessidade de grandes investimentos iniciais em consultoria tradicional. Ou seja, a sustentabilidade passou a ser acessível e operacional, mesmo para PMEs e Micro Empresas.

Para além da conformidade legal e financeira, existe uma vantagem estratégica significativa: as empresas que lideram este processo posicionam-se como referências de sustentabilidade no seu setor, reforçando a sua reputação junto de clientes, parceiros e investidores. A capacidade de demonstrar responsabilidade ambiental já se traduz em vantagem competitiva, permitindo às marcas abrir novos mercados, conquistar clientes conscientes e até inspirar inovação interna.

Em suma, medir a pegada de carbono deixou de ser uma opção para qualquer empresa que deseje estar presente no mercado global ou nas grandes superfícies. A CSRD está a chegar, o mercado exige transparência e os bancos oferecem incentivos. Com ferramentas modernas e certificações reconhecidas, o desafio é agora acessível e estratégico.

O futuro será dominado por empresas e indústrias que não apenas produzem e vendem, mas produzem e vendem de forma sustentável e transparente. A hora de agir é agora — medir, reduzir e reportar não é apenas uma exigência, é uma oportunidade para se tornar líder no seu setor.