Sempre disponível para servir a causa pública. É assim que se apresenta Sérgio Castro Rocha, advogado e autarca, que em 2017 aceitou o desafio de liderar o Conselho de Administração da Vitrus Ambiente. Desde então, a transformação da empresa municipal de Guimarães foi notória, consistente e com resultados concretos. A celebrar 15 anos de existência, a Vitrus assume-se hoje como uma referência nacional na gestão ambiental, com um leque de serviços ímpar e distinções nacionais e internacionais que refletem o reconhecimento do seu impacto.
Quando foi fundada a VITRUS Ambiente e qual a sua atividade?
A VITRUS Ambiente foi fundada em 2010, caracteriza-se pela sua função multidisdisciplinar, uma vez que atua em várias áreas, e prima pela qualidade dos seus serviços. Somos, hoje, a empresa municipal com a maior diversidade de atuação em Portugal, desde a recolha de resíduos urbanos até ao transporte flexível de passageiros. Mas mais do que isso, somos uma empresa que resolve. Quem vive em Guimarães reconhece isso.
Trabalhamos diariamente em áreas que tocam diretamente o quotidiano das pessoas, como a higiene urbana, a manutenção de espaços verdes e parques infantis, a fiscalização ambiental, a gestão de estacionamentos, a limpeza de edifícios públicos, a educação ambiental e mobilidade sustentável, entre outras. A nossa metodologia tem despertado o interesse de vários municípios, e alguns dos nossos projetos já foram replicados noutras regiões. Isso demonstra que o nosso modelo funciona e está alinhado com as exigências do presente e do futuro.
O que distingue a qualidade dos serviços da Vitrus?
É a combinação entre visão estratégica e execução exemplar. Costumo dizer que a Vitrus é o “braço-armado” do Município de Guimarães, assumindo a operacionalidade de vários serviços e projetos que estão interligados com a sustentabilidade ambiental. Muitos desses projetos tiveram preponderância na candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia 2026. A Vitrus tem uma ação direta na limpeza e manutenção dos espaços verdes, na preservação da linha de água com o projeto Guarda-rios, na construção das ecovias com o nosso serviço da manutenção e até na fiscalização ambiental. Tudo isso foi apreciado pelo júri na decisão da atribuição de Capital Verde Europeia.
Que resultados pode destacar nestes 15 anos?
O crescimento da Vitrus fala por si. Quando assumi funções, a empresa tinha um orçamento de 2,6 milhões de euros. Hoje ultrapassamos os 11 milhões. Passámos de uma estrutura limitada para uma equipa com mais de 320 colaboradores, devidamente preparados, motivados e com um enorme sentido de missão.
Mas o mais relevante não são os números: é a transformação que conseguimos. Reformulámos mentalidades, investimos na formação das chefias, criámos uma cultura de orgulho em pertencer à Vitrus. Hoje, independentemente da função ou do serviço, todos vestem a camisola com o mesmo compromisso.
A nossa frota, com cerca de uma centena de viaturas, é moderna e eficiente, e acompanha a nossa aposta permanente na sustentabilidade. Os resultados ambientais e sociais dos nossos projetos são evidentes e constituem uma mais-valia para Guimarães.
Quais são as áreas que ainda podem ser melhoradas?
Estamos bem posicionados, mas não nos acomodamos. O futuro passa pela inovação, por isso vamos criar o CIVA, Centro de Inovação Vitrus Ambiente. Pretendemos estudar, analisar e otimizar os nossos serviços com base em dados, ciência e conhecimento técnico. Só assim podemos continuar a crescer com consistência. Queremos também reforçar equipas-chave, como os Guarda-Rios ou os Fiscais Ambientais, que intervêm em centenas de situações por ano. E já temos aprovação para adquirir mais três autocarros para o Vitrusbus, o que permitirá alargar a cobertura deste serviço inovador.
Como vê o reconhecimento da Vitrus?
É um motivo de enorme orgulho. O reconhecimento começa nos vimaranenses, que valorizam o nosso trabalho no dia a dia. Depois, veio o reconhecimento externo ao vencermos o Prémio Nacional de Sustentabilidade, o Prémio Internacional Escoba de Plata, o Prémio Essência do Ambiente e ficámos em segundo lugar no Concurso Europeu GoGreen. São distinções que não se ganham por acaso, pois refletem o esforço coletivo de toda a equipa Vitrus. E culminam agora com a distinção de Guimarães como Capital Verde Europeia 2026. Um marco histórico que nos motiva ainda mais.
E como está a VITRUS a acompanhar a recolha seletiva de biorresíduos?
Estamos a dar passos muito importantes. Guimarães está na liderança nacional na recolha seletiva de biorresíduos que é efetuada pela Vitrus, resultado do estudo anunciado pela associação ambientalista ZERO. Liderámos também a recolha de cápsulas de café, em parceria com a AICC (Associação Industrial e Comercial do Café) com cerca de 18 toneladas recolhidas, num projeto que se estende por todo o concelho. Isto mostra que somos capazes de liderar e inovar com projetos concretos, bem planeados e com resultados de grande destaque.
Em que consiste o sistema PAYT?
É mais um projeto em que estamos na liderança a nível nacional. Segundo a Deco Proteste, Guimarães lidera a implementação do sistema PAYT, num processo de recolha que é assumido pela Vitrus Ambiente. Através deste sistema, os cidadãos pagam apenas pelo lixo que efetivamente produzem, incentivando a redução do desperdício e a separação adequada dos resíduos. Em Guimarães, esta abordagem tem sido amplamente elogiada por promover uma maior consciência ambiental entre os habitantes.
Como descreve a adesão por parte dos munícipes?
Há uma consciência ambiental crescente em Guimarães, fruto de anos de trabalho em conjunto com as escolas, as juntas de freguesia e os movimentos cívicos como as Brigadas Verdes. Claro que ainda há resistência, sobretudo quando falamos de mudança de hábitos. Mas quando explicamos os benefícios e envolvemos as pessoas no processo, a adesão melhora. O segredo está na proximidade, na escuta ativa e na confiança que conseguimos construir.
Que resultados espera a VITRUS atingir em 2025?
A grande aposta está na inovação e no CIVA (Centro de Inovação Vitrus Ambiente). A partir daqui, vamos redefinir estratégias para aumentar a recolha seletiva, reforçar a recolha de biorresíduos, alargar o PAYT a novas zonas e reforçar ainda o Vitrusbus com a aquisição de novas viaturas. Também pretendemos modernizar mais uma parte da nossa frota para veículos elétricos e iniciar novas infraestruturas de apoio operacional. Mas acima de tudo, queremos continuar a inovar, a servir bem Guimarães e a afirmar a Vitrus como uma referência nacional na área do ambiente.
A aposta em novos autocarros para o Vitrusbus é sinal do sucesso da implementação deste projeto?
O Vitrusbus nasce de uma necessidade de garantir transporte em zonas de baixa densidade onde o transporte público tradicional não é viável. É um serviço flexível, por marcação, com horários adaptados a quem solicita o serviço e sempre em complemento com a rede do transporte público regular. Foi um novo conceito que obrigou a população a compreender o funcionamento e a fazer o agendamento. Em meio ano já respondemos a cerca de 3000 pedido de viagens em todo o concelho.
Atualmente, quantos colaboradores tem a VITRUS?
Neste momento, temos cerca de 320 colaboradores. É uma equipa dedicada, conhecedora do território e com um enorme espírito de missão, onde demonstram orgulho em vestir a camisola da Vitrus. São estas pessoas que, todos os dias, estão no terreno a cuidar da cidade e a garantir que os serviços funcionam. Sem elas, nada disto seria possível.
A VITRUS está preocupada com a sensibilização ambiental aos cidadãos?
Completamente. A educação ambiental é uma prioridade transversal a tudo o que fazemos. Não basta recolher lixo ou plantar árvores: é preciso explicar porquê, envolver as pessoas, formar cidadãos mais conscientes e exigentes. E é fundamental os nossos colaboradores estarem devidamente formados. Acreditamos que uma cidade sustentável se constrói com conhecimento e participação.
Que ações tem neste sentido?
Desenvolvemos dezenas de ações por ano nas escolas, em espaços públicos, com associações e em eventos da cidade. Temos uma forte aposta ainda ao nível da comunicação, com uma presença constante nas redes sociais e com iniciativas como “Vitrus Talks” que visa dinamizar conversas sobre o ambiente, onde reunimos já um leque de convidados muito interessante e com contributos muito assertivos. Lançámos ainda o espaço “Minuto Vitrus” nas redes sociais e um livro ilustrado sobre os nossos colaboradores da recolha de resíduos, para combater o estigma e valorizar quem está no terreno.
Que medidas tem tomado a empresa para tornar as suas operações mais sustentáveis?
Temos vindo a inovar a nossa frota, adotámos sistemas inteligentes de gestão de resíduos e otimizámos os percursos de recolha para reduzir consumos. Usamos água reaproveitada na lavagem de contentores, promovemos a compostagem e estamos a reduzir a nossa pegada ecológica em todas as áreas.
Que investimentos futuros prevê a empresa?
Vamos continuar a investir em equipamentos, tecnologia e pessoas. Prevemos um novo espaço para os centros operacionais, renovar a frota com viaturas elétricas, expandir o PAYT, melhorar a recolha seletiva e aumentar as ações de sensibilização. Estamos também a estudar novas formas de valorização de resíduos e a preparar uma nova geração de serviços urbanos inteligentes. A VITRUS está a preparar o futuro, sempre com Guimarães no centro das decisões.
*Esta entrevista foi publicada na edição 111 da Ambiente Magazine.