Acordo histórico sobre programa nuclear entre EUA e Irão está quase a ser anunciado

Os representantes das grandes potências (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha) e do Irão podem anunciar ainda hoje um acordo sem precedentes sobre o programa nuclear de Teerão, colocando fim a uma disputa que dura há 12 anos, avançava hoje o Diário Económico.

“Penso que estamos prestes a ter um consenso real. Estou optimista, embora ainda tenhamos algumas coisas difíceis a fazer”, declarou o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, à entrada de mais uma ronda de negociações na capital austríaca de Viena. A maratona negocial de 16 dias entre os diplomatas do chamado “Grupo 5+1” (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha) e a delegação iraniana terá dado frutos, tendo fontes diplomáticas adiantado aos media que o número de assuntos onde já existe um consenso fizeram aumentar o texto final do acordo de 80 para 100 páginas.

“98% do texto já está concluído”, disse um dos negociadores à AFP, acrescentando que a única coisa que falta para aprovar o documento é a aprovação dos governos dos países envolvidos. “O acordo está próximo. Só precisa de vontade política para se concretizar”, declarou o diplomata iraniano Alireza Miryousefi, citado pela BBC.. Já o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, admitiu: “Estamos, finalmente, a entrar na fase final destas longas negociações. Acredito nisso”.

Ainda segundo o Diário Económico, até agora, os principais pontos de discussão prendiam-se com o levantamento do embargo da compra e venda de armas aplicado pela ONU ao Irão em 2006, mas estas dificuldades terão sido ultrapassadas, uma vez que ontem chegou a Viena o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, que havia afirmado, a semana passada, que só regressaria à mesa das negociações quando existisse um compromisso no assunto.

Em caso de acordo, seriam eliminadas as sanções internacionais que são actualmente aplicadas ao Irão, o quarto maior produtor mundial de petróleo, em troca de restrições, verificáveis através de inspecções independentes, à capacidade do país de construir armas nucleares. Isto permitiria a Teerão voltar a exportar petróleo e gás natural para a União Europeia, Coreia do Sul e Japão, aliviando a difícil situação económica do país.

Mas o líder republicano do Senado dos EUA, Mitch McConnell, avisou ontem que o Congresso norte-americano poderá ser o maior obstáculo à ratificação do documento. “Se for concluído, acredito que vai ser muito difícil” ao Presidente Barack Obama “vender o acordo ao Congresso”, disse McConnell, acrescentado que os congressistas, fortemente pró-Israel, um país que se opõe a qualquer gesto conciliador para com Teerão, “já sabem que o documento vai deixar o Irão à beira de se tornar um Estado nuclear”, disse.

Devido ao adiamento sucessivo das metas para chegar a um compromisso – que deveria inicialmente ter sido concluído a 30 de Junho – o Congresso necessita agora de 60 dias para decidir se aceita ou não o documento, e, durante esse tempo, permanecerão em vigor as sanções norte-americanas ao Irão.