ADENE promove complementaridade entre o setor hídrico e o setor energético

A ADENE (Agência para a Energia) deu a conhecer, esta quinta-feira, no Planetiers World Gathering a “Rede de Compromisso AQUA+”. A sessão que se sucedeu à cerimónia de entrega dos prémios AQUA+ “Rede TECH AQUA+” teve como foco a promoção do setor hídrico, enquanto complemento do setor energético.

Nelson Lage, presidente do Conselho de Administrador da ADENE diz que, desde o início, a missão da agência centra-se na “implementação de políticas públicas” quer no setor da energia, quer no setor da água, com foco em “promover o uso eficiente” de ambos os recursos.

No que diz respeito à eficiência hídrica e ao nexo água e energia, o responsável destaca que Portugal tem feito uma “aposta grande” no setor da energia, aposta esse que se “tem traduzido em múltiplas políticas”. Mas, o caminho não se fica por aqui, e o responsável dá conta da aposta cada vez maior na “eficiência hídrica”. E naqueles que são os “desígnios nacionais e europeus”, também as “instituições europeias e mundiais”, além do Governo, consideram que “não é possível uma verdadeira transição eficiência energética” e uma “descarbonização da economia” se “não houver uma aposta no nexo água e energia”, refere o responsável. Do ponto de vista de Nelson Lage, esse é o caminho, com apostas que façam sentido e com políticas muito específicas: “Se consideramos tirar partido daquilo que é o potencial de 30% a 50% da eficiência hídrica nos edifícios conseguiremos ajudar as famílias portuguesas a ter poupanças combinadas de água e energia em cerca de 800 milhões de euros só no setor residencial”. Além do setor residencial, também no setor industrial há uma grande oportunidade: “É um forte consumidor de água”, vinca.

“Há certamente uma complementaridade entre água e energia”

Tal como já acontece na energia, Nelson Lage acredita que, também é possível, na gestão das águas, isto é, “descentralizar a produção” e tornar os consumidores “players ativos”, nomeadamente naquilo que serão as “cidades do futuro”. Portanto, “há certamente uma complementaridade entre água e energia”, reforça. E, na ADENE, essa é uma “aposta que que é para continuar” e é uma “aposta que tem de ser feita em parcerias”, sendo vitais para “levar a cabo este uso eficiente da água”, destaca.

Rede de Compromisso AQUA+  

E é precisamente com foco em parcerias que resultou o H2Design. Segundo o responsável, o H2Design que tem como função “mapear  e fomentar a criação de ideias”, a “disseminação das melhores soluções”, a “valorização do edificado” e a “adoção de comportamentos mais eficientes pelos consumidores no que respeita ao uso da água”. E um dos primeiros resultados deste processo, que continua a decorrer, foi o desenvolvimento e afirmação do AQUA+: “um novo conceito e uma nova aplicação”, refere.

Atualmente, segundo Nelson Lage, o AQUA+ é o “primeiro referencial na avaliação e classificação de eficiência hídrica”. Este sistema, segundo o presidente da administração da ADENE, tem a função de “classificar os imóveis exatamente como um certificado”, através de uma “escala de valorizar soluções eficientes”. Além disso, “identifica oportunidades de melhoria” e “promove as melhores práticas”, estando disponível para os “edifícios residências” com o “alargamento a outras áreas”. Embora seja uma “metodologia desenvolvida pela ADENE” há também uma forte presença de outras entidades: “É um sistema simples, ágil, voluntário e muito participativo”. O objetivo, a curto prazo, passa por alargar o sistema aos hotéis, com aposta no turismo, e evoluir para a área do comércio e serviços, destaca. Já no futuro, o responsável espera que o sistema passe à escala “AQUA4.0”, e que passe a “valorizar muito mais a implementação” do que, propriamente, a “análise daquilo que é potencial”. Além de que, “permitirá dados muito mais reais daquilo que é o consumo e o impacto das medidas na própria implementação”, destaca.

E a “peça-chave” deste ecossistema empreendedor é a “Rede TECH AQUA+”, que resultou naquilo que foram os primeiros prémios de monitorização da água. Foram 11 os finalistas do prémio que deram a conhecer quais as suas soluções para a melhoria do uso da água em edifícios de diferentes áreas: “Um conjunto de soluções que já estão no mercado e que vão permitir levar a cabo a nossa missão”, refere. 

E são estes os projetos que dão origem à Rede de Compromisso AQUA+: “Permite envolver associações ou empresa em torno do compromisso na área da eficiência hídrica e como nos podem levar para a transição energética”. Trata-se assim de uma “rede aberta”, que já “conta com empresas e parcerias”, onde todos têm um objetivo comum: “Promover a área que já tem muita força e que deverá ganhar o seu espaço devido na energia na ação climática”, remata.