AdSA: “Pode haver crescimento económico com equilíbrio no âmbito da sustentabilidade ambiental”

A Águas de Santo André (AdSA) está comprometida em dar resposta aos principais desafios da próxima década: a reutilização da água para a indústria e a dessalinização. “São desafios que farão desta entidade gestora um exemplo nacional”, assegura Marcos Sá́, presidente do Conselho de Administração da AdSA, que, numa entrevista à Ambiente Magazine, fala-nos da expansão da Zona Industrial de Sines e dos investimentos previstos para o médio e longo-prazo.

Qual o investimento da AdSA com o crescimento pre isto para a Zona Industrial e Logística de Sines?

O investimento da AdSA terá de acompanhar, obrigatoriamente, todos os investimentos que serão efetuados por todas as empresas ligadas às infraestruturas essenciais (água, eletricidade, telecomunicações), sendo que, no que se refere à àgua, os investimentos serão públicos, tal como foram no passado, por parte do Gabinete da área de Sines (criado em 1971 com esse objetivo e que infraestruturou toda esta área industrial). Contudo, todos os investimentos terão de ser objeto de um novo Contrato de Concessão que permita dotar a AdSA de uma maior elasticidade na capacidade da gestão da água, num cenário de escassez, devido às alterações climáticas, e independentemente das fontes, para garantir que o acesso a este bem escasso é gerido de forma global e que permite o retorno de todos os investimentos necessários, num prazo alargado de tempo, por quem utiliza os nossos serviços e recursos. Estes primeiros meses de mandato foram dedicados à preparação do novo Contrato de Concessão e à preparação do novo EVEF de Expansão, para serem numa fase posterior apreciados pela Tutela do Ambiente.

O que pretende a AdSA com este crescimento? Qual o objetivo?

A exploração e gestão de sistemas dirigidos exclusivamente às indústrias fazem com que a Águas de Santo André seja uma empresa singular no universo do Grupo Águas de Portugal. Ao nível do abastecimento à ZILS, os desafios são sempre maiores, pela dimensão e pelas consequentes necessidades das empresas que se instalam no Pólo Industrial e Logístico de Sines, um dos principais do País, pelo que, a reutilização da água para a indústria e a dessalinização serão os desafios da próxima década e farão desta entidade gestora um exemplo nacional. Para além de fornecermos água em baixa e em alta, efetuarmos a recolha e tratamento de águas residuais e industriais, teremos a reutilização da água e a produção de água dessanalizada, que são garantias ambientais e de grande valor económico, no futuro, para vários setores de atividade. E ainda teremos na área dos resíduos industriais iniciativas, de grande valor ambiental, que concretizarão de forma efetiva a economia circular.

As unidades instaladas na Zona Industrial e Logística de Sines produzem hoje cerca de 3% do PIB nacional e exportam grande parte dos seus produtos, sendo, por isso, da mais elevada importância para o País e para o desenvolvimento da região. A AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. prevê que, nos próximos cinco anos, a riqueza produzida nesta região duplique. E a Águas de Santo André continuará a crescer para sermos um dos principais parceiros na região e demonstrarmos que pode haver crescimento económico com equilíbrio, no âmbito da sustentabilidade ambiental e garantia da proteção do ambiente, se forem tomadas as decisões de investimento necessárias.

Há previsão de futuros investimentos? Para quando?

Para a expansão da Zona Industrial de Sines, os grandes investimentos da Águas de Santo André serão anunciados pelo Senhor Ministro do Ambiente e da Ação Climática quando considerar oportuno, pois os investimentos previstos são de interesse nacional, já que contribuirão para a duplicação do PIB nacional na região. São também de superior interesse ambiental, pois representam uma revolução na resiliência de todo o sistema de abastecimento de água à indústria, assim como, no tratamento exemplar dos seus efluentes e um exemplo de lançamento, em grande escala, da reutilização e dessalinização da água em Portugal.

Neste momento estão já em curso alguns investimentos de grande dimensão (cerca de 30 milhões de euros), tais como a Construção da Nova Conduta Adutora de água industrial entre a ETA de Morgavel e o reservatório de Monte Chãos, o reforço do abastecimento de Água Potável à ZILS Norte, a duplicação da Bacia de retenção, que permitirá reforçar a capacidade de resposta da AdSA em situações de eventual emergência, quer para os atuais utilizadores do sistema, quer perante a expansão para a Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS).

É também presidente da COMSINES – Conselho de Comunidades de Sines, associação muito centrada na promoção e desenvolvimento sustentável e onde estão representadas as principais empresas. Que mensagem gostaria de deixar às empresas que se estão a fixar na Zona Industrial de Sines?

A mensagem é simples: Se as empresas que se fixam nesta área tiram enorme rentabilidade pela atividade local que aqui desenvolvem, deverão contribuir para a promoção do ambiente, da saúde, da segurança e da proteção civil. E devem partilhar com a comunidade parte dessa riqueza, apoiando projetos sociais, instituições sem fins lucrativos, clubes, misericórdias, associações de bombeiros, eventos culturais, projetos que reforcem a resiliência ambiental, a mobilidade, a qualidade de vida. Seria muito importante as empresas acordarem e destinarem uma percentagem dos seus lucros para projetos de interesse local e regional. Desta forma a comunidade ficaria também ciente que há uma redistribuição da riqueza que apoia de forma efetiva toda a comunidade.

*Esta entrevista foi publicada na edição 102 da Ambiente Magazine.