Agosto quente e seco coloca 78% do território continental em situação de seca meteorológica

O mês de agosto, em Portugal continental, classificou-se como quente e seco, revela o Boletim mensal sobre “Clima e Energia” divulgado pela Lisboa E-Nova.

O boletim dá destaque ao valor médio de temperatura máxima, 29,99 °C, superior ao valor normal, com uma anomalia de +1,19 °C. O valor médio da quantidade de precipitação em agosto, 3,8 mm, foi inferior ao valor normal 1971-2000, correspondendo a apenas 28%. De acordo com o índice PDSI (Palmer Drought Severity Index), no final de agosto, a área em situação de seca meteorológica registou um aumento relevante, estendendo-se às regiões do interior Centro e Norte. Distribuição percentual por classes no território no final de agosto: “22% normal, 43,3% seca fraca, 32,5% seca moderada e 2,2% em seca severa”, lê-se no boletim-

Armazenamento em Albufeira:

No final de agosto, e comparativamente ao mês anterior, verificou-se uma descida no volume armazenado em todas as bacias hidrográficas. Sem prejuízo, os armazenamentos por bacia hidrográfica apresentavam-se superiores às médias de armazenamento de agosto (1990/91 a 2019/20), exceto para as bacias do Lima, Mira e Ribeiras do Algarve.

Produção e consumo de eletricidade:

Segundo o boletim, mo período de janeiro a agosto o consumo cresceu, face ao mesmo período do ano anterior, 2,0%, ou 2,7% com correção de temperatura e dias úteis. Relativamente a 2019, registou-se um recuo de 2%. Nos primeiros 8 meses do ano a produção renovável abasteceu 63% do consumo de energia elétrica: hidroelétrica (28%); eólica (25%); biomassa (7%) e fotovoltaica (3,6%). A produção não renovável abasteceu 30% do consumo: gás natural (28%) e carvão (2%). Os restantes 7% foram garantidos pela importação. Relativamente ao mês de agosto, as condições desfavoráveis para a produção eólica (IPE=0,83), resultaram numa descida homóloga da produção de 19%. Em sentido contrário, a produção fotovoltaica registou um aumento, face a ago’20, de 44%, e representou 5,4% do consumo (7,1% referido à produção).

Mercado de eletricidade: 

O preço da eletricidade produzida no dia 31 de agosto ultrapassou os 130 €/MWh. Em agosto o preço médio aritmético no mercado grossista em Portugal foi de 105,99 €/MWh, o que representa uma variação homóloga (face a agosto de 2020) de +194%.

  • Escalada de preços em 2021

De acordo com os dados partilhado pela Lisboa E-Nova, assiste-se ao efeito combinado do aumento da procura com outros fatores de mercado que influenciam fortemente o preço de produção. A valorização do preço do gás natural (agravada na Europa por baixos níveis de reservas) é uma das razões pelas quais o preço da eletricidade tem registado sucessivos aumentos. Adicionalmente, os preços do mercado de licenças de emissões na Europa estão também em máximos históricos.