Água: Isolacionismo português deve ser “profundamente alterado”, defende AIP

“A inovação para a competitividade e internacionalização pressupõe a criação de condições de mobilização das principais partes interessadas em torno da fileira da água”: palavras proferidas nesta sexta-feira pelo presidente da Fundação AIP, Jorge Rocha de Matos, para uma plateia praticamente cheia na sessão de abertura da conferência “Acqualive – Futuro da Água Inteligente e Sustentável do Portugal Smart Cities Summit.

A iniciativa, que termina hoje no Centro de Congressos de Lisboa, “representa essa capacidade mobilizadora”, regista, garantindo que relativamente à fileira da água, a Fundação AIP “será sempre parte interessada, dando os contributos que estiverem ao seu alcance”. Embora considere que “Portugal é uma referência internacional de boas práticas” em diferentes vertentes, não deixa de notar que “o isolacionismo que muitas vezes nos permitimos praticar tem de ser profundamente alterado para um espírito de unidade face a um objetivo estratégico”. “Esse espírito tem de nos mobilizar a todos”, apela.

Jorge Rocha de Matos entende que o Governo e as várias empresas e universidades “têm de empenhar-se na criação de espaços de cooperação em torno de uma estratégia internacional”. O setor da água, continuava, é “um domínio extremamente sensível e crítico, tanto para a qualidade de vida das cidades e dos territórios”, como também o são “muitos dos desafios económicos e sociais que hoje se colocam à economia e à sociedade portuguesa”.

O presidente da AIP destaca que um desses desafios passa “por valorizar o conhecimento”. Isto é, “alargar a carteira de atividades, bens, serviços, conteúdos, projetos e conceitos transacionáveis, naturalmente com uma cadeia de valor mais robusta e sofisticada, para melhor nos afirmarmos em mercados cada vez mais exigentes e diversificados num contexto de globalização”, defende.

De um modo geral, constata que a definição e implementação de uma estratégia passa por “confrontar o perfil da economia portuguesa, o porfólio de qualificações e competências com as exigências inerentes à inovação – competitividade e internacionalização -, num contexto internacional marcado por mudanças profundas, muitas delas disruptivas”. “Eleva-se a digitalização generalizada das economias e das organizações – a indústria 4.0 -, mas também as alterações climáticas e a transição energética com uma forte pressão sob os recursos de que dispomos, em particular a água”, acrescenta.

Jorge Rocha de Matos foi ainda mais longe: “Na atual revolução digital, também a fileira da água é fortemente permeável à entrada destas tecnologias no quotidiano das atividades gestoras dos sistemas de abastecimento de água, drenagem e tratamento”, pois permite “racionalizar processos e recursos, proteger os ecossistemas, melhorar o ordenamento com modelos de governança inovadores”. Estas são, segundo o presidente da AIP, “as bases de um novo paradigma em que a inovação e o conhecimento são alavancas cruciais”.