Ainda não existem países que tenham introduzido o crescimento verde de forma integrada

Yvo de Boer, Responsável do Global Green Growth Institute, foi um dos oradores da conferência "Crescimento Verde: Perspectivas Nacionais e Globais" onde falou sobre as vantagens do modelo económico verde e os bons exemplos nesta área mundo fora. "Percebi desde a minha primeira tentativa na área da sustentabilidade, que a maior dificuldade se prendia com convencer o sector privado do seu potencial", declarou o responsável do Instituto, que congrega 24 países em torno desta temática, que defendeu que a estratégia passa apenas por uma mudança de discurso, que não deve apelar ao que é verde, mas sim apontar para factores directos que dizem respeito à companhia, como os novos produtos, a eficiência da empresa e o seu valor para o mercado. "Adoptar estas políticas verdes não é uma opção ou decisão que se pode atrasar, ou melhor, é uma decisão que é difícil atrasar", reiterou. E as alterações climáticas não são o único problema. Segundo Yvo de Boer, há também a falta de alimentos, o preço das matérias-primas que aumenta e a biodiversidade que vai desaparecendo, entre outros. "São megatendências a nível global e não há como fugir, vamos todos ser impactados, quer directamente, quer indirectamente, através das empresas com quem fazemos negócio. E por muito que se adie a decisão, não se pode adiar o impacto". Yvo de Boer reforçou que a antecipação é a melhor solução para aguentar o impacto e que é necessário um modelo de crescimento económico para resolver estas questões. "Ainda não existem exemplos de países que tenham introduzido o crescimento verde de forma integrada na economia, mas estamos a começar a ter exemplos interessantes", referiu, apontando que reduzir o custo a curto prazo rentabilizando os benefícios a longo prazo é o grande desafio nesta área. Como exemplos o responsável apontou a Costa Rica, que se comprometeu a ter uma economia neura em carbono até 2021, a Etiópia, que se comprometeu a ser um país de rendimentos médios até 2020, sem, para isso, aumentar as emissões de gases com efeito de estufa, a China, que percebeu que o modelo que a impulsionou enquanto potência está saturado e está a mudar as suas formas de consumo energético, sendo já líder, por exemplo, na área das eólicas, migrando a economia numa direcção diferente, a República da Coreia, que desde 2008 destina 2% do seu produto interno bruto para o crescimento verde, estimulando a inovação e tecnologia e Singapura, que investiu no sector da água para deixar de estar dependente da Malásia e que actualmente põe em prática processos como a dessalinização, a recolha de águas pluviais e a reciclagem da água e que, na luta pela independência tem agora uma indústria pronta a exportar. Contudo, Yvo de Boer disse não acreditar em resultados suficientes na conferência de Paris, mas que o caminho está a ser trilhado. "Esta é uma visão optimista. Os resultados da conferência vão ser insuficientes, mas cada país tem um compromisso e uma obrigação, e é melhor do que até agora, em que a negociação era feita sem focos", disse. Por Rita Bernardo