Alenquer: A Rota de Árvores Emblemáticas e Autóctones

O Projeto Árvores Emblemáticas e Autóctones de Alenquer surge de ações de monitorização em campo da equipa da Conservação da Natureza da Divisão de Ambiente e Serviços do Município de Alenquer. Esta equipa constatou a existência de um património natural único neste território às portas da região de Lisboa e Vale do Tejo, com espécimes arbóreos dignos de serem contemplados, mas sem qualquer proteção legal associada que os permitisse salvaguardar. Este contexto, tal como indica Paulo Franco, vereador do Ambiente, motivou o lançamento de um projeto para contribuir na preservação destas espécies, mas também sensibilizar para a necessidade de altera o de comportamentos individuais e coletivos.

Paulo Franco, Vereador do Ambiente

“Um projeto inovador e arrojado”. É assim que Carmen Dionísio e Sara Sorares, biólogas da CM de Alenquer e Paulo Marques, Chefe da Divisão de Ambiente e Serviços da CM Alenquer, definem este projeto, destacando o facto de estar integrado numa Rede Municipal de Conservação da Natureza proporcionar ofertas de sensibilização ambiental, com foco na conservação da natureza e sustentabilidade.

Tendo a missão de proporcionar um conjunto de ofertas de sensibilização ambiental, dirigidas às árvores autóctones do Concelho, o projeto conta atualmente com uma rota de visitação – Rota das Árvores Emblemáticas e Autóctones, apresentada em novembro de 2021. Em julho de 2021, foi lançado um concurso para que a comunidade votasse online para eleger 11 árvores, ou seja, uma árvore por freguesia, de entre 33 árvores, todas espécies autóctones da região. Os exemplares foram selecionados pelo seu porte, importância ecológica, cultural e paisagística e a sua envolvente. Está ainda prevista uma Exposição Fotográfica itinerante, no segundo semestre de 2022 e que passará pelos diferentes espaços do Concelho.

[blockquote style=”1″]A Rota das Árvores Emblemáticas e Autóctones[/blockquote]

Gostar de percursos de natureza e levar apenas as memórias e deixar as pegadas: são os requisitos essenciais para se conhecer as 11 árvores que integram a Rota de Árvores Emblemáticas e Autóctones de Alenquer. Localizadas nas diferentes freguesias do concelho, este percurso possibilita uma visita às árvores que integram a Rota para usufruir das diferentes paisagens, prósperas em património natural e cultural. Este “Museu ao ar livre” pode ser descoberto ao longo de um dia ou em breves “escapadinhas” pela Região e destina-se a grupos, famílias ou a título individual.

O facto de as espécies arbóreas autóctones das áreas urbanas e semiurbanas estarem ameaçadas de extinção serviu de motivo para a equipa responsável do projeto fazer a seleção: “A diversificação e valorização de povoamentos florestais compostos por espécies autóctones são essenciais para a proteção e manutenção das diferentes funções dos ecossistemas e para a conservação de um património natural único. Constituem espécies-chave, imprescindíveis na conservação da Biodiversidade”.

Esta necessidade de conservação e de visibilidade ganha particular relevância nos territórios não classificados e mais suscetíveis a alterações externas e com maior risco de perda associado: “O conhecimento e valorização qualitativa do património natural existente permite minimizar o risco de perda de espécies-chave à conservação”, precisam os especialistas.

[blockquote style=”1″]As 11 árvores…[/blockquote]

  • União de Freguesias (UF) de Alenquer: Freixo-comum, uma espécie nativa do oeste Mediterrânico. Caracteriza-se por uma “barriga” de formato peculiar e está inserido num bosque ripícola com diversos freixos no interior da malha urbana.
  • Carnota: Carvalho-cerquinho, uma das árvores mais emblemáticas que integra a Rota. Com o seu porte imponente, serve de habitat para muitas espécies de insetos e aves.
  • Meca: Outro freixo-comum, que representa mais um excelente exemplo de um refúgio para a biodiversidade local. Ao visitar este espécime, é ainda possível aproveitar a paisagem de beleza admirável de mosaicos diferentes tão importantes para a conservação da biodiversidade.
  • UF Ribafria e Pereiro de Palhacana: Em Ribafria, pode ser contemplado um soberbo exemplar de um sobreiro. A presença desta árvore protegida de formato peculiar numa área agrícola simboliza a resiliência desta espécie.

Ota

  • UF Aldeia Galega de Merceana e Aldeia Gavinha: Pode ser observado outro freixo-comum, inserido num pequeno jardim público. Este exemplar é peculiar pela enorme cavidade que se observa no seu tronco e que tem servido durante gerações como local de esconderijo para as brincadeiras das crianças da aldeia.
  • Olhalvo: Outro magnífico exemplar de sobreiro que tem um papel de extrema importância no combate às alterações climáticas e na preservação da biodiversidade local, em particular derivada da envolvente vitivinícola.
  • Ventosa: É possível estar na presença de um exemplar peculiar de carvalho-cerquinho, onde o seu tronco atravessa um muro, o que lhe proporciona uma forma curiosa.
  • Vila Verde dos Francos: Encontra-se um exemplar de sobreiro distinto dos outros indivíduos que integram a Rota. Este exemplar encontra-se inserido num pequeno bosquete constituído por sobreiros e outras espécies nativas.
  • Abrigada e Cabanas de Torres: Observa-se outro exemplar de carvalho-cerquinho. Caracteriza-se pela sua copa frondosa que proporciona uma larga sombra e pelo grande porte, tratando-se certamente de um exemplar com várias décadas.
  • Ota: O sobreiro está inserido num bom exemplo de um dos fragmentos de montados de sobro que pode ser encontrado no Concelho de Alenquer. Este exemplar impressiona pela sua beleza natural e formato peculiar dos ramos, lembrando uns braços abertos.
  • Carregado e Cadafais: É possível observar outro sobreiro, na Freguesia do Carregado, sendo totalmente distinto dos restantes espécimes integrados na Rota. Este espécime encontra-se totalmente inserido em contexto urbano, demonstrando que é possível a coexistência e compatibilização desta espécie com a atividade humana.

Enquanto impulsionadora deste projeto, a CM Alenquer, tal como sublinha Paulo Franco, pretende sublinhar a presença do património natural local, e promover a preservação e visitação. A iniciativa insere-se na estratégia de gestão do território da Autarquia, no âmbito da criação de uma Rede Municipal de Conservação da Natureza assente em ações de gestão, valorização e conservação da Natureza no concelho e na promoção de atividades de sensibilização ambiental. A seleção destas árvores está também a desencadear um trabalho de inclusão deste património natural nos Instrumentos de Gestão Territorial, assegura o vereador do Ambiente.

Este artigo foi publicado na edição 93 da Ambiente Magazine