Neste #Ambiguia, João Barroso, Diretor de Sustentabilidade e I&D nos Vinhos do Alentejo, responde ao desafio “Como a produção de vinho se está a tornar mais sustentável?”.
No campo, promove-se a boa gestão dos solos, a redução no uso de fitofármacos, a escolha de castas mais resilientes em contexto de adaptação às alterações climáticas, a utilização de organismos auxiliares, a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade, a conservação e restauro das linhas de água, a implementação de planos de gestão e monitorização de rega, o que permite um uso de água muito mais eficiente, o recurso aos modos de produção integrada, biológica e produção sustentável. Estamos a apostar fortemente na agricultura regenerativa através de modelos que promovem as sinergias entre as atividades agrícolas e a envolvente biótica.

Exemplos como os enrelvamentos nas entrelinhas que melhoram a qualidade do solo em relação aos conteúdos de matéria orgânica, os níveis de fósforo e potássio, microrganismos, combate a erosão e promove a retenção de água e humidade no solo. Também as pastagens bio diversas, as sebes funcionais, e a promoção de metodologias de agricultura de precisão auxiliam os produtores na melhor gestão possível do recurso água, garantindo a utilização estritamente necessária deste recurso tão precioso. Estas técnicas auxiliam igualmente as vinhas em fenómenos de redução da perda de solo através do escoamento e da lixiviação causados pelos tais eventos climáticos extremos.
O uso de ovelhas, gansos e galinhas na vinha para combater pragas de plantas e animais, respetivamente, também ajuda a combater as alterações climáticas, e a diminuir a pegada ecológica da produção, uma vez que reduz o uso de herbicidas e pesticidas, que são frequentemente produtos à base de hidrocarbonetos.
Na adega, a eficiência energética e o uso racional de água são prioritários, mas também a redução dos resíduos produzidos. Promove-se, igualmente, o recurso a energias renováveis, e a materiais mais sustentáveis como rolhas de cortiça, barricas e outros materiais de florestas certificadas, na embalagem dos produtos, e a desmaterialização de processos.
Assim, são diversos os potenciais benefícios desde logo, a implementação de planos de monitorização de água e luz que permitem, em média, uma redução dos consumos de cerca de 20% e 30%, respetivamente, facto que significa, para além de uma poupança de recursos, poupanças financeiras consideráveis para os produtores. O setor está também, a aumentar as taxas de reciclagem e a promover a economia circular, com muitos produtores a converter os resíduos orgânicos em adubo para aplicação como fertilizante no campo. Já no que diz respeito à relação entre o litro de água e litro de vinho, existem vários produtores que já atingiram valores de poupança impressionantes, estando nos 1,2l de água por 1l de vinho.
No âmbito do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA) é, ainda, encorajada a formação dos colaboradores para que eles percebam que a sustentabilidade vai muito além da vinha ou da adega, acompanhando-os quando voltam para junto das suas famílias. Ao nível social trabalham-se iniciativas de responsabilidade social que envolvem, não só os colaboradores, mas também a comunidade local, existindo foco em questões sinergéticas entre as adegas e as comunidades envolventes, e o papel preponderante desta agroindústria na socio-economia regional.
Desde 2015, o PSVA tem sido um motor de mudança na vitivinicultura da região alentejana, promovendo práticas que respeitam o equilíbrio ambiental, social e económico. Com impacto real e mensurável, este programa reafirma o compromisso dos Vinhos do Alentejo em liderar a transformação do setor, garantindo que cada garrafa produzida seja um reflexo do respeito pela terra, pelas pessoas e pelo amanhã.