ANIPLA e CAP reforçam importância da prevenção sobre impacto das alterações climática na produção de alimentos

Nunca foi tão importante, como nos dias de hoje, prevenir e dialogar sobre ferramentas que garantem a segurança dos alimentos. Foi precisamente em torno destas questões que a ANIPLA (Associação Nacional da Indústria para a proteção das Plantas) se juntou à CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) num webinar dedicado ao impacto das alterações climáticas e novos problemas fitossanitários no setor agrícola.

A sessão de abertura ficou ao cargo de Luís Mira, secretário-geral da CAP, que reiterou pela importância de “só um sistema agro alimentar justo, saudável e respeitador do ambiente, em que a produção de alimentos seguros é garantida e para todos, permitirá cumprir as metas da União Europeia”.

Por seu turno, José Alberto Pereira, responsável pela moderação do debate, deu início ao espaço de diálogo lembrando que “as alterações climáticas são uma problemática que nos impacta a todos e que vivemos um tempo em que quanto mais soluções tivermos do nosso lado, mais fácil será gerar culturas economicamente sustentáveis e viáveis que não tenham como consequência o abandono das terras”.

No decorrer do webinar, Paula Carvalho, sub-diretora Geral da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), quis dar o seu contributo alertando para os diferentes impactos que as alterações climáticas podem gerar no ciclo biológico: “A chave estará sempre na prevenção. As culturas têm sido ameaçadas por um número cada vez maior de pragas, disseminadas através do comércio global e da crescente globalização a que assistimos, que quando combinada com o aumento das temperaturas gera um cenário favorável à sua propagação em locais onde naturalmente não correriam”, conclui. Por isso, “o importante é agir para combater as consequências destas alterações, sem ver a agricultura como única vilã e principal culpada. Por forma a produzir e garantir alimentos para toda a população os agricultores têm que defender as suas culturas, lidando com o facto de todos os dias aparecerem novos problemas para os quais não há uma resposta assertiva e eficaz, pelo que, a única solução é a aposta na inovação e prevenção”.

O aumento da temperatura média global da atmosfera, a maior emissão de gases com efeitos de estufa e as ondas de calor e frio provocadas pela desregulação do clima, foram algumas das preocupações levantadas pelos oradores, sendo que para Filipe Duarte Santos, presidente do Centro Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, a grande problemática é “que a agricultura é, naturalmente, um dos setores mais vulneráveis às consequências destas alterações, que colocam em causa o acesso a alimentos seguros e produzidos em quantidades suficientes para todos”. O responsável acrescentou ainda que “o sul da Europa será das localizações do globo mais afetadas, e sendo que o que o futuro nos reserva é um agravamento da situação actual, é urgente identificar ferramentas que apoiem o sector e que viabilizem culturas essenciais. Para garantir que a agricultura não definha e não cede, é urgente inovar e investigar, num espírito altamente colaborativo”.

Num contexto em que as alterações climáticas já provocaram uma mudança do ciclo de vida das pragas e uma redução da eficácia dos dispositivos de controlo, torna-se vital dotar o setor da agricultura de novas e melhores ferramentas que permitam enfrentar uma nova realidade. E, por isso, surge associações com a InnovPlantProtect, que apostam todos os dias no melhoramento genético, alterando as características das plantas de uma forma segura. “A tecnologia e a inovação são das ferramentas mais importantes para sobrevivermos às mudanças provocadas pelas alterações climáticas”, assegura Pedro Fevereiro, em representação da InnovPlantProtect.

Quem corrobora com a mesma opinião é Já Richard Borreani, membro da Comissão de Agricultura Sustentável da ANIPLA: “A solução passará pela capacitação e formação de agricultores para o uso de novas tecnologias, das quais as técnicas genómicas e a digitalização são exemplo, aliadas às boas práticas na gestão de uso de produtos fitofarmacêuticos, uma missão de sensibilização que a ANIPLA leva há já vários anos e sob a qual incrementa esforços constantes, ano após ano”.

A encerrar o webinar, Felisbela Campos, presidente da fireção da ANIPLA, quis chamar à atenção para os grandes desafios das metas políticas, reiterando a “necessidade de acelerar a investigação e dotar os agricultores de ferramentas eficazes, se se quer garantir que estes respondem aos desafios propostos pela PAC e por iniciativas como a Estratégia do Prado ao Prato”. A responsável lembrou ainda que “a indústria da protecção de plantas precisa de tempo e espaço para implementar mudanças e desenvolver novas técnicas, colocando alternativas consistentes no mercado. E comunicar continua a ser essencial: é importante relembrar e reforçar que tudo é uma questão de ponderação e de dose, assente num quadro de controlo cada vez mais apertado e afinado, do qual faremos questão de continuar a aproximar a opinião pública e todos os envolvidos na missão pela sustentabilidade”. Como notas finais, Felisbela Campos disse que “se até então o setor esteve algo adormecido e pouco comunicava sobre o seu sentido de segurança e principais anseios, hoje isso é diferente: hoje comunicamos, clarificamos e desmistificamos o papel da ciência, essa que ainda que tenha estado “adormecida” na nossa voz, fará magia pelo futuro da agricultura”.