ANIPLA quer uma “avaliação holística” do impacto da estratégia Do Prado ao Prato

Face às mais recentes conclusões de estudos feitos sobre a estratégia Do Prado ao Prato que indicam que as atuais metas, se forem implementadas como é proposto, trarão um custo significativo para os agricultores europeus e para a viabilidade de todo o negócio agrícola europeu, a ANIPLA (Associação Nacional da Indústria para a proteção das Plantas) constata que todos complementam-se.

Tal significa: “A produção agrícola da União Europeia (UE) diminuirá drasticamente em algumas áreas e em alguns produtos”, alerta a ANIPLA num comunicado, dando como exemplo, o mais recente estudo da WUR (Wageningen University and Research), que revela uma “diminuição média da produção para o impacto acumulado de metas entre 10 – 20% com uma queda de até 30% para certas culturas”.

No que diz respeito à produção pecuária, o estudo da Universidade de Kiel, citado pela ANIPLA, aponta para “uma redução de 20% na produção de carne de bovino na UE” e “uma redução de 17% na produção de carne de porco, em média”. Um outro documento político da WUR (que será publicado em breve) confirma “uma diminuição global da produção de carne de bovino, de suíno e de lacticínios, que conduz não só a um aumento dos preços para os consumidores da UE”, mas também “mostra efeitos questionáveis sobre os rendimentos dos criadores de gado”, lê-se no mesmo comunicado.

De acordo com a ANIPLA, os dados apontam claramente para os impactos sobre o comércio, sobre os rendimentos dos agricultores e, em última análise, sobre os preços no consumidor. “A alteração do sistema alimentar nestas condições será mais difícil e a imposição de impostos sobre o consumo, tal como proposto pelo Parlamento Europeu, poderá torná-lo socialmente injusto”, alerta.

Todos os intervenientes na cadeia agroalimentar estão conscientes dos desafios ambientais e climáticos: “Os produtores europeus acreditam que, com inovação e mais apoio na vanguarda da política agrícola da UE, os agricultores continuarão a produzir de uma forma ainda mais sustentável. Reconhecemos as expectativas da sociedade e dos decisores políticos no âmbito da produção alimentar”. Mas, alerta a ANIPLA, “metas políticas não baseadas em dados terão efeitos nocivos para a agricultura europeia”. Por isso, “temos de construir políticas orientadas para as soluções, baseadas nos dados que temos em mão, com a inovação como pedra angular”, ressalta.

Para se falar de soluções, a ANIPLA atenta na importância de existir um “compreensão comum” dos desafios face à prossecução dos objetivos da estratégia Do Prado ao Prato. “Este entendimento comum deve basear-se numa avaliação de impacto abrangente e cumulativa conduzida pela Comissão Europeia”, precisa. E o mais recente estudo da Wageningen, com os seus diferentes cenários, “mostra claramente que a avaliação isolada dos efeitos das metas da Estratégia do Prado ao Prato, tal como a Comissão parece prever, só dará uma imagem parcial da realidade cumulativa com que os agricultores e os atores agroalimentares se defrontam no terreno”, atenta. Neste sentido, o apelo passa por uma “avaliação exaustiva”, no sentido de compreender onde é que os problemas são suscetíveis de surgir, para que se possa discutir as potenciais soluções, indica o mesmo comunicado.

Para a ANIPLA, o modelo de produção alimentar da Europa, liderado pela Política Agrícola Comum, tem sido um dos maiores êxitos da União Europeia: “Não compreendemos a aparente tentativa de contrariar os nossos progressos e de ignorar os nossos êxitos numa altura em que os nossos parceiros comerciais já falam em colmatar as lacunas de produção deixadas vagas pela Europa”.

Numa altura em que o prazo da estratégia do Prado ao Prato está a chegar, a Associação apela a “uma avaliação holística” do impacto: “Precisamos urgentemente de ver propostas concretas e de uma discussão mais alargada em torno das escolhas que estamos a fazer, mas tem de se basear em melhores dados”.