Aniversário Ambiente Magazine: “Para quando a sustentabilidade”?

No 28º aniversário da Ambiente Magazine, assinalado em dezembro de 2021, lançamos um desafio ao setor do ambiente. Designado por “Passa-a-Palavra”, este desafio começou com Lee Hodder (Galp), José Furtado (Águas de Portugal) e Ana Isabel Trigo Morais (Sociedade Ponto Verde), onde cada um teve de responder à pergunta -“Para quando a sustentabilidade?” – e, ao mesmo tempo, lançarem o mesmo desafio a outras personalidades, e assim sucessivamente. Neste trabalho, incluído na edição impressa número 91 da Ambiente Magazine, apenas conseguimos partilhar os testemunhos da área dos resíduos, ficando a promessa de que, nas duas próximas edições, serão disponibilizados os testemunhos das restantes áreas.

Hoje, partilhamos o testemunho de Pedro Sá (Raposo, Sá Miranda Associados, Sociedade de Advogados), desafiado por Ana Sofia Amaral (L’Oréal).

PARA QUANDO A SUSTENTABILIDADE?

“Primeiro, os lugares-comuns: a sustentabilidade é um conceito difuso e abstrato, que só ganha tração quando é densificado em ideias escrutináveis e implementáveis. Isto depende da compreensão dos pilares fundamentais em que assenta uma ideia de sustentabilidade que se pretende transversal e transformadora – o ambiente, a sociedade e a economia – e a sustentabilidade não pode abdicar de nenhuma dessas peças interdependentes, sob pena de se erigir numa sustentabilidade verdadeiramente insustentável. A compreensão do que digo é hoje mais clara e abrangente do que nunca – não é outra coisa a preocupação crescente de compliance ESG que atravessa o mundo empresarial, nas suas versões mais soft e nos seus assomos normativos, de que é exemplo a recente Resolução do Parlamento Europeu sobre o dever de diligência das empresas. Esta compreensão arranca de uma visão de sustentabilidade que recusa uma abordagem cínica de contenção de danos ou de greenwashing, optando pela responsabilidade efetiva dos atores económicos em relação a padrões ambientais (environmental), humanos (social) e económicos (governance). Morreu o business-as-usual, é tempo de ação. Para quando? Para ontem!”