APIP na COP30: “uma indústria capaz de transformar desafios ambientais em oportunidades de crescimento e competitividade sustentável”
A APIP (Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos) voou até Belém do Pará, no Brasil, para participar na COP30. Pedro Paes do Amaral, Vice-presidente Executivo, fala sobre o posicionamento da associação num momento tão crucial para a descarbonização, para a reciclagem e, principalmente, para a indústria dos plásticos.

Qual foi o principal objetivo da participação da APIP na COP30
A presença da APIP na comitiva oficial portuguesa à COP30 teve um significado muito claro: mostrar que a indústria portuguesa dos plásticos está verdadeiramente empenhada na transição climática e quer ser parte ativa da solução. Esta participação representou uma oportunidade única para a APIP demonstrar, perante a comunidade internacional, os compromissos concretos que o setor já assumiu, desde os roteiros setoriais até aos projetos de inovação e circularidade. Pretendemos reforçar a mensagem de que o problema não é o plástico em si, mas sim o resíduo e a sua má gestão. Por isso, levámos à COP30 a defesa de políticas públicas baseadas na ciência, de uma gestão de resíduos mais eficiente e de uma mudança comportamental profunda. Paralelamente, foi também uma oportunidade para criar pontes com stakeholders internacionais, reforçando o papel de Portugal como um exemplo de indústria moderna, responsável e sustentável.
Que temas foram abordados no painel “Decarbonizing Industry – The Plastics Commitment”?
Com o painel “Decarbonizing Industry – The Plastics Commitme” quisemos dar visibilidade ao trabalho consistente que a APIP e a indústria nacional dos plásticos têm desenvolvido na área da descarbonização e da circularidade. Foram apresentadas iniciativas que evidenciam o esforço coletivo do setor em aumentar eficiência no uso de recursos, reduzir emissões e assegurar uma transição justa, tecnicamente sólida e alinhada com os objetivos climáticos. Na prática, no painel foram apresentados o Roteiro da Descarbonização da Indústria dos Plásticos, a Agenda Mobilizadora Sustainable Plastics – ambos os projetos aprovados pelo PRR – e o Position Statement do Plastics Summit – Global Event 2025. A mensagem que quisemos transmitir é clara: a indústria dos plásticos é parte da solução — desde que apoiada por políticas assentes na ciência, pela inovação tecnológica e por uma colaboração genuína entre todos os elos da cadeia de valor.
De que forma o Roteiro para a Descarbonização da Indústria dos Plásticos e a Agenda Mobilizadora Sustainable Plastics contribuem para a redução das emissões do setor?
Ambos os projetos têm um papel central na estratégia de transição climática da indústria portuguesa dos plásticos. O Roteiro para a Descarbonização, procurou ser diferenciador, capaz de servir como referência nacional e internacional e de inspirar outros setores industriais. Para garantir a robustez e a credibilidade deste trabalho, contámos com o contributo de um Advisory Board composto por cerca de 30 especialistas de reconhecida experiência técnica e científica, que ajudaram a validar, desafiar e fortalecer os resultados obtidos. O Roteiro define trajetórias custo-eficazes de redução de emissões e propõe medidas que vão desde a melhoria da eficiência energética dos processos e a eletrificação, até à transição para fontes de energia renovável e à otimização de processos produtivos, com menor utilização de material e maior desempenho. Promove também a economia circular através da incorporação de matérias-primas recicladas e de origem biológica, e identifica oportunidades de digitalização e de sinergias industriais. Estas medidas permitem às empresas reduzir custos energéticos, cumprir requisitos regulatórios e reforçar a sua competitividade através da sustentabilidade.
Já a Agenda Mobilizadora Sustainable Plastics, promovida pela APIP e liderada pela Logoplaste Innovation Lab, envolve 49 entidades – entre empresas e instituições do sistema científico e tecnológico – tem permitido definir trajetórias concretas de descarbonização, desenvolvendo novas soluções ao nível dos materiais, produtos e tecnologias de reciclagem. Tem contribuído para aumentar a reciclabilidade e a incorporação de matérias-primas recicladas e renováveis, substituindo progressivamente matérias-primas de base fóssil, nomeadamente através de polímeros de baixo carbono (polímeros bio-based – de base renovável, como novos polímeros produzidos através de resíduos agroindustriais – falamos de fibras naturais, biofilmes inovadores e outras soluções capazes de transformar o que antes era desperdício em recursos valiosos, reduzindo a pegada ecológica, valorizando os recursos locais e impulsionando a inovação verde – e da incorporação de materiais reciclados. . A Agenda tem ainda gerado projetos de investigação e desenvolvimento, novas patentes, formação técnica e parcerias estratégicas que reforçam a inovação verde e a competitividade do setor.
Em conjunto, estas duas iniciativas colocam Portugal na vanguarda europeia da transição para materiais e processos de baixo carbono.
Qual é a mensagem central do documento “Moving into a New Era of Responsible and Holistic Sustainability”?
Este documento, que representa o outcome do Plastics Summit – Global Event 2025 é, antes de mais, um apelo à ação coletiva e à cooperação entre todos os elos da cadeia de valor, para a construção de soluções e políticas mais eficazes, traduzindo uma visão partilhada para uma sustentabilidade verdadeiramente responsável, holística e inclusiva entre indústria, decisores políticos, academia, ONGs, media e sociedade civil. Reúne um conjunto de recomendações e compromissos comuns, elaborados por um comité de peritos com 116 membros, nacionais e internacionais, incluindo os speakers do evento, e tem sido muito bem recebido pelos diversos stakeholders, a nível global, contando até à data com cerca de 70 subscrições. O documento reforça o papel do setor dos plásticos como um agente ativo e colaborativo na transição para uma economia mais sustentável e inclusiva, servindo também de base para diálogos construtivos e iniciativas colaborativas entre todos os intervenientes da cadeia de valor. Quanto mais ampla for a adoção deste position statement em diferentes países, maior será o efeito multiplicador das ações que o documento preconiza e, consequentemente, o seu impacto a nível global, acelerando a transição para uma economia circular e a redução das emissões.
Como é que a presença da APIP reforça o posicionamento da indústria portuguesa dos plásticos em relação à sustentabilidade e às metas do Acordo de Paris?
A presença da APIP na COP30 reforçou, de forma inequívoca o posicionamento da indústria portuguesa dos plásticos como um setor comprometido com a sustentabilidade, a inovação e o cumprimento das metas do Acordo de Paris. A participação da Associação teve como objetivo demonstrar neste evento global que o setor está preparado para contribuir ativamente para a neutralidade carbónica e para a transição para uma economia verdadeiramente circular, partilhando exemplos concretos de inovação, colaboração e boas práticas desenvolvidas em Portugal. A COP30 foi também uma oportunidade para consolidar redes internacionais e estabelecer novas parcerias capazes de escalar soluções de descarbonização, reciclagem e eficiência de recursos com impacto global. Reforçámos a mensagem de que Portugal dispõe de um setor e uma indústria de plásticos tecnicamente avançado, orientado por ciência e por um forte compromisso ambiental – uma indústria capaz de transformar desafios ambientais em oportunidades de crescimento e competitividade sustentável.