ASPEA lidera novo projeto europeu “Living Rivers”

A Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) lidera o novo projeto europeu Living Rivers. Constituído em base de parcerias estratégicas, este projeto é destinado à comunidade escolar, mas aberto à população em geral, com os objetivos de: 1) alertar a sociedade para a inevitabilidade de cuidar e proteger os rios e ribeiros, não só pela sua inquestionável importância ambiental e ecológica, mas também pelo seu elevado valor histórico, social e cultural; 2) reforçar as aptidões e competências da população de forma e promover iniciativas que contribuam para a melhoria das condições ambientais, ecológicas e sociais dos rios e dos seus ecossistemas, recorrendo a recursos e ferramentas que se baseiem em investigações científicas para uma ação de ciência cidadã global informada.

Joaquim Ramos Pinto, presidente da direção nacional da ASPEA, e coordenador do projeto, refere que este projeto é grande relevância científico-pedagógica, mas também social e cultural, onde os rios e curso fluviais estão, atualmente, entre os ecossistemas mais degradados do planeta, observando-se uma maior taxa de redução de biodiversidade do que nos ecossistemas terrestres e, ao mesmo tempo, têm desaparecido vários aspetos culturais e sociais relacionados com os mesmos.

À medida que as necessidades de água aumentam no planeta, em conjunto com o aumento da pressão da densidade populacional e o aumento das atividades socioeconómicas, os ecossistemas fluviais vão continuar a deteriorar-se se não forem tidos em conta compromissos ambientalmente responsáveis e socialmente justos. Tal requer, não só o envolvimento das autoridades e outros agentes públicos, mas também a participação ativa de todos os cidadãos e de todos os agentes sociais e económicos.

Este projeto reúne sete parceiros de quatro países tendo como principal finalidade a produção de conteúdos pedagógicos que ajudem a encontrar soluções face a um problema comum: a degradação da qualidade da água dos ecossistemas ribeirinhos, uma vez que “apenas uma abordagem transnacional poderá dar o valor necessário ao projeto e seus resultados”, lê-se na candidatura aprovada.

Além da ASPEA, compõem a parceria deste projeto, de Portugal, a Universidade de Coimbra e a Universidade Nova de Lisboa; da Roménia, a Agentia Metropolita de Brasov Pentru Dezvoltare Durabila Brasov Asociatia; de Espanha, a Asociacion para a Defensa Ecolóxica de Galiza  e o Instituto de Educación Secundaria Ribeira do Louro; da Turquia, a Balikesir University.

Este projeto decorrerá ao longo de 3 anos e propõe a produção de várias ferramentas de aprendizagem e ensino digital destinadas ao uso, por parte de estudantes e comunidades educativas, de forma a criar e analisar dados relativos a saúde e às memórias dos rios e ribeiras.

Destas ferramentas farão parte: um E-book “Life in streams and their riparia“; uma plataforma web (www.livingriver.eu) integrando um ecomuseu virtual, um guia de campo para as atividades de campo e, ainda, vários recursos de comunicação digital, nomeadamente: revista digital com artigos de investigação científica e experiências pedagógicas, newsletters, comunicados de imprensa, relatórios e informações sobre os seminários e congressos realizados, no âmbito do projeto.

Além dos resultados científicos apresentados é, também, pretensão do mesmo criar um rede de escolas que dinamizem um conjunto de práticas científico-pedagógicas acerca do conhecimento da vida dos rios e sua proteção, pesquisa das memórias e do valor social e cultural, envolvendo alunos dos ensinos básico e secundário, centros de investigação; ONG’s que trabalhem na área da ecologia, das ciências ambientais e alterações climáticas; associações de estudantes, famílias, entre outros.

Com o desenvolvimento do projeto espera-se um aumento da consciência relativa à importância dos rios como recurso de vida e bem-estar, desenvolvendo investigações que realcem os efeitos das atividades antropogénicas, de forma a aumentar a consciência pública e melhorar o conhecimento sobre os impactes das atividades humanas nos ecossistemas ribeirinhos definindo, ao mesmo tempo, medidas eficientes para mudar o percurso da sua degradação, é crucial.

O aumento da sensibilização para a importância das pesquisas científicas também está na mira do Living Rivers que, com isto, pretende aumentar a consciência para o papel central das universidades na criação de conhecimento científico, contribuindo para projetos de ciência cidadã.

Neste projeto alunos e cientistas trabalham em equipa e os estudantes passam a ter um papel preponderante na transmissão do conhecimento, uma vez que, envolvidos neste projeto, deixam de ser meros recetores de conhecimento e passam a ser “agentes ativos” no que toca a transmissão desse conhecimento, respondendo aos desafios da flexibilidade curricular, em fase de implementação por várias escolas do país.