Aterro Sanitário na Póvoa de Varzim vai dar lugar a Hub de Economia Circular, num investimento de 20 milhões de euros

Transformar o Aterro Sanitário de Laúndos, na Póvoa de Varzim, num Pólo Industrial é um dos próximos investimentos que a Lipor está focada em fazer acontecer.

Em entrevista exclusiva à Ambiente Magazine, Fernando Leite, CEO da Lipor, revela que o “Hub de Economia Circular” afirmar-se-á não só como um “Pólo Industrial”, mas também como uma “Incubadora de empresas de última geração”, permitindo às startups ficarem integradas num ecossistema que as motive: “Estarão na Incubadora o tempo necessário para sedimentar as suas ideias de negócio e depois terão, mesmo ao lado, o Pólo Industrial com pavilhões de diversas áreas para progredirem nos seus planos de crescimento”, adianta o responsável, acrescentando que a Incubadora também desempenhará um “papel formativo e informativo”, sendo é o “lugar ideal para conferências, debates, eventos, que se pretende foquem sempre as dinâmicas, os conceitos, os processos próprios de uma Economia Circular e de uma rutura com o modelo vigente de Economia Linear”.

A decisão de avançar com este empreendimento tem que ver com a atual Estratégia da Lipor: “Fazemos uma gestão anual de resíduos urbanos, produzidos na região do Grande Porto, de mais ou menos 500 mil toneladas e queremos apenas confinar em Aterro cerca de 2% desses resíduos”. Desta forma, “os cerca de 60 hectares de terreno que tínhamos adquirido, há alguns anos, para construir um Aterro sanitário, neste momento, não se justifica”, refere Fernando Leite, constatando que, a melhor alternativa seria avançar com um empreendimento que responda à “necessidade imperiosa de reindustrializar o país, de produzir em Portugal muito daquilo que hoje se importa”, materializando “as simbioses industriais” de que tanto se fala quando de discute a Economia Circular: “Não colocamos à disposição dos Investidores e dos Industriais, parques, onde essas simbioses sejam possíveis e até fomentadas. O que a Lipor vai fazer com o Hub é isto mesmo”, diz o CEO da Lipor.

Daquilo que pode ser revelado, Fernando Leite adianta que o “master plan” da infraestrutura já está executado, assim como as principais definições arquitetónicas também já consolidadas, decorrendo agora as discussões sobre “questões de licenciamentos” com a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim: “Vamos iniciar a fase dos Projetos de Especialidade, pelo que o processo para aprovação final pelo Conselho de Administração da Lipor sobre o modelo futuro do empreendimento será concluído até ao primeiro trimestre de 2013. Depois, virá a fase de construção, arranjos paisagísticos e instalação das ‘utilidades’”.

Algo que vai tornar este empreendimento um “exemplo a replicar” em Portugal é o facto de o Hub, além de contemplar um Pólo Industrial e uma Incubadora, também agrupará um Edifício de Serviços Partilhados, “tudo isto, inserido num ecossistema muito favorável, pois dispõe de uma autoestrada a menos de 500 metros, uma ecopista ou ciclovia, que liga às cidades da Póvoa de Varzim e de Famalicão, hotelaria, restauração e outros serviços”, diz o CEO. Trata-se, portanto, de um “local de trabalho e de criação de valor”. Entretanto, os objetivos da Lipor com este projeto são mais vastos: “Pretendemos criar valor para o país e, com a promoção da industrialização, destaca-se criação de emprego, que podemos antever que poderão atingir as centenas de postos de trabalh,o e, finalmente, a rentabilização de um ativo da Lipor que, ao invés de ser um Aterro Sanitário, um passivo, é pelo contrário um excelente ativo”, sucinta Fernando Leite.

Algo que o CEO da Lipor quis deixar bem presente, nesta entrevista, é que, a elaboração deste projeto, tem, desde a sua origem, uma série de “cautelas” de forma a que o projeto “não cause impactos ao meio-ambiente” e, ao mesmo tempo, “não prejudique o recanto da freguesia de Laúndos e zonas limítrofes”.

Ao nível de investimento previsto para o Hub, Fernando Leite refere que, neste momento, está a ser devidamente revisto, tendo em conta a conjuntura atual, mas seguramente “atingirá os 20 milhões de euros”.