Barragens vazias no Alentejo já obrigam a abastecimentos de água com autotanques

A escassez de água volta a marcar presença na realidade do Baixo Alentejo. Nesta altura do ano, as reservas tanto de superfície como nos aquíferos subterrâneos já se revelam escassas, o que faz temer por piores consequências no próximo verão. A Federação Nacional de Regantes (Fenareg) já alertou para “a falta de água e para as consequências na campanha de rega deste ano” lembrando que “pelo segundo ano consecutivo a precipitação foi inferior ao normal”.

Os casos mais preocupantes estão assinalados no Alentejo, salienta a Fenareg, citada pelo Público de hoje, referindo que as barragens da bacia do Sado registam, neste momento, apenas 30% de água na sua capacidade de armazenamento. Os dados das Associação de Regantes e do Sistema Nacional dos Recursos Hídricos destacam as limitações hídricas nas albufeiras de Vale do Gaio (58,9%), Lucefecit (58,6), Alvito (57,7%), Fonte Serne (50%) e Divor (50%). Com situação ainda mais preocupante estão Vigia (40%), Monte da Rocha (33,5%), Odivelas (32,8%), Pego do Altar (38,7%) e Roxo (28,8%). A albufeira do Alqueva apresenta 78% da sua capacidade máxima (3127 milhões de metros cúbicos).

Pelo segundo ano consecutivo, a precipitação foi inferior ao normal e sete bacias hidrográficas a nível nacional registam volumes armazenados “inferiores à média dos últimos 25 anos”, assinala a Fenareg. Esta organização destaca os “casos mais dramáticos” nas albufeiras de Odivelas e do Roxo, onde a situação é descrita como “particularmente grave”.

O presidente da Associação de Beneficiários do Roxo, António Parreira, confirmou ao Público que “o panorama é negro” mas espera que de Alqueva possa vir a reserva de água necessária para regar as culturas.

A Fenareg prevê que “mais de 40.000 hectares de culturas regadas poderão não ter água para esta campanha de rega de 2016”.

O abastecimento público também está ameaçado com a escassez de água. Em Castro Verde, a câmara local já determinou o encerramento de todos os fontanários públicos “devido ao período de seca” e para evitar “o desperdício e consumos exagerados de água”, justificou o presidente da câmara, Francisco Duarte.

Em Mértola já foi necessário recorrer “pontualmente”, no final do inverno, aos autotanques para abastecer pequenas povoações mais isoladas da margem direita do Guadiana, afirmou o presidente da autarquia, Jorge Rosa. O problema pode vir a agudizar-se no verão.