Brasil suspeita de “ação orquestrada” em incêndios na Amazónia e poderá recusar ajuda do G7

A procuradora-geral da República (PGR) brasileira, Raquel Dodge, disse que o Ministério Público investiga suspeitas de que tenha havido uma “ação orquestrada” para atear incêndios criminosos na floresta Amazónia, noticia a Lusa.

“Há suspeita de ação orquestrada, há suspeita de uma atuação que foi longamente cultivada para chegar a esse resultado. O que nós percebemos na conversa de hoje [segunda-feira] é que há sinais disso, há elementos que justificam a abertura de inquérito para investigar e punir esses infratores”, declarou a PGR, citada pela imprensa local, após uma reunião extraordinária do grupo de trabalho da Amazónia.

Segundo Raquel Dodge, há indícios de que atuações criminosas combinadas provocaram diversos focos de incêndio na região. Um dos casos que está sob investigação é o do chamado “dia do fogo”, uma alegada convocatória para fazer queimadas na Amazónia.

Segundo a revista Globo Rural, essa convocatória foi feita através de aplicações de mensagens, usadas por agricultores e “grileiros” da região de Altamira e Novo Progresso, no Estado do Pará. A “grilagem” é, no Brasil, a falsificação de documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros. A PGR declarou que ficou decidido naquela reunião que as queimadas vão ser investigadas de forma coordenada pelos diferentes ramos do Ministério Público.

Apesar de o “dia do fogo” estar sob investigação, tanto do Ministério Público como da Polícia Federal, diretores de sindicatos que representam os produtores rurais dos municípios de Altamira e de Novo Progresso, no sudoeste do Pará, afirmaram à agência Brasil não terem conhecimento da suposta participação de agricultores da região no suposto plano de atear fogo na região.

Ministro brasileiro diz que Governo rejeitará ajuda financeira do G7

O ministro da Casa Civil brasileiro, Onyx Lorenzoni, afirmou que o Governo rejeitará a ajuda de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) oferecida pelo G7 para combater os incêndios na Amazónia. A informação foi obtida pelo portal de notícias G1, tendo sido confirmada pela assessoria do Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.

“Agradecemos, mas talvez esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. Macron (Presidente francês) não consegue sequer evitar um previsível incêndio numa igreja que é património da humanidade (incêndio na Catedral de Notre-Dame) e quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas colónias francesas”, disse Onyx ao G1.

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira que o G7 fornecerá uma ajuda imediata de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) para combater o incêndio na maior floresta tropical do mundo. Na cimeira do G7, dos países mais industrializados do mundo, participaram durante o fim de semana os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Porém, Onyx Lorenzoni acredita que Macron poderá ter “objetivos colonialistas” na ajuda atribuída pelo G7. “O Brasil é uma nação democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como talvez seja o objetivo do francês Macron”, acrescentou o ministro da Casa Civil.