Centro e Norte de Portugal revela risco muito elevado de erosão do solo após incêndio, indica estudo

Um grupo de investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, desenvolveram um mapa de risco de erosão do solo após incêndio para Portugal Continental. Trata-se de um trabalho que apresenta uma ferramenta para identificar “áreas prioritárias” para mitigação dos impactos dos incêndios na erosão do solo, pode ler-se numa nota.

O estudo, publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, e assinado pelos investigadores Joana Parente, Antonio Girona-García, Ana Rita Lopes, Jan Jacob Keizer e Diana Vieira, indica que, em condições de elevada severidade do incêndio, a zona Centro-Norte do país revela um risco muito elevado de erosão do solo após incêndio. Para este facto contribuem a “topografia”, o “regime de precipitação” e o “tipo de vegetação característico”, lê-se no mesmo comunicado. Coincidentemente, de acordo com o estudo, a zona Centro-Norte do país também é uma das zonas com “maior recorrência de incêndios” e, ao mesmo tempo, providencia “serviços de ecossistemas importantes para o país”, inclusive “serviços ligados à quantidade e qualidade da água para fins de consumo humano, sublinhando a importância de uma gestão de fogos rurais que integra a prevenção, o combate e o restauro pós-fogo”.

De acordo com a Universidade de Aveiro, os impactos da erosão do solo após fogo, para além de contribuírem para a “perda de solo”, que é um recurso natural “não-renovável”, aumentam a suscetibilidade à ocorrência de “inundações, danos em infraestruturas hidráulicas e rodoviárias, assoreamento em barragens, e contaminação de cursos e massas de água pelo transporte de sedimentos e cinzas”. O transporte de cinzas e sedimentos para grandes massas de água têm sido reportados como relevantes, não só em Portugal, mas também noutras partes do mundo. Como tal, “a mitigação do risco de erosão deve ser feita antes da ocorrência das primeiras chuvas após o incêndio, especialmente em áreas onde este risco é elevado”, indica o estudo.

Contrariamente aos EUA e Galiza, em Portugal a aplicação de medidas para a mitigação do risco de erosão pós-fogo costuma ser demorada e limitada a algumas áreas ardidas. Sendo este facto frequentemente justificado pela “falta de ferramentas de diagnóstico” que permitem identificar áreas de elevado risco de erosão, refere o comunicado.

Neste contexto, o projeto FEMME, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), desenvolveu o mapa de risco de erosão pós-fogo para Portugal Continental, para fazer face às potenciais dificuldades de tomada de decisão após incêndio, tendo como objetivo principal a criação de uma ferramenta de apoio à gestão pós-fogo. Este mapa foi obtido aplicando o modelo Morgan-Morgan-Finney (MMF) para áreas florestais dominadas por Eucalipto e Pinheiro, e ainda áreas de mato.