Centros de recuperação de animais selvagens da Quercus receberam 437 animais durante o confinamento

Desde a sua fundação, em 1985, que a Quercus recebe, um pouco por todo o país, animais selvagens protegidos por lei, feridos e debilitados e a necessitar de apoio veterinário e outros cuidados com vista à sua recuperação. Atualmente, a Quercus gere três Centros de Recuperação de animais selvagens (CRAS) que integram a Rede Nacional de Centros de Recuperação de Fauna, sob tutela do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), nomeadamente o Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco (CERAS), o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Montejunto (CRASM) e o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André (CRASSA).

Durante o período de confinamento devido à pandemia do Covid-19, estes três CRAS da Quercus não pararam a sua atividade e receberam 437 animais selvagens feridos de mais de 87 espécies. Espécies tão distintas como cegonhas, corujas, águias, abutres, ouriços, lontras e texugos. Algumas destas espécies têm um estatuto de conservação elevado, tal como o Abutre-preto, o Milhafre-real, o Açor, o Falcão-Peregrino, e o Falcão-abelheiro, entre outras. Estes animais foram recolhidos pelo SEPNA (GNR), pelos vigilantes da natureza do ICNF e, em menor número, por particulares.

Os CRAS da Quercus pertencem à rede RNCRF (Rede Nacional de Centros de Recuperação de Fauna), que é constituída por estruturas que permitem a receção de espécimes selvagens de fauna autóctone, nomeadamente os abrangidos pelas Diretivas e Convenções internacionais de conservação da natureza e da biodiversidade, o seu tratamento, recuperação e posterior devolução ao meio natural. Estes centros partilham objetivos comuns, contribuindo para a conservação da biodiversidade nas suas vertentes in situ ex situ, para o conhecimento científico e para a promoção da educação ambiental.

Os espécimes de fauna selvagem são recolhidos ou apreendidos e necessitam de acolhimento, tratamento e recuperação. Para dar resposta a estas situações, entidades públicas e privadas são responsáveis por um conjunto de pólos de receção e centros de recuperação de animais selvagens. Estes locais respondem às exigências de carácter regulamentar, éticas e outras, quanto a assegurar adequadamente o tratamento, o bem-estar, a recuperação e, sempre que possível, a sua restituição ao meio natural.

O trabalho realizado por estes três Centros de Recuperação de animais selvagens da Quercus na área da conservação da natureza é muito relevante, na medida em que os espécimes recuperados são devolvidos ao seu habitat natural, contribuindo assim para a conservação de várias populações de espécies ameaçadas, quer a curto, quer a longo prazo. Estes centros reúnem também um conjunto de informação casuística, que depois é canalizada através de relatórios periciais, ou comunicações a diferentes entidades (Ministério Público, agentes da autoridade, Municípios, ICNF, concessionárias de rede viária, empresas de distribuição de eletricidade, etc.), para que possam ser tomadas medidas legais, nos casos de crime, ou outras, de forma a minimizar ou eliminar os fatores de ameaça a estas espécies.

São exemplos disso os pontos negros de atropelamentos de fauna na rede viária, os pontos de electrocução e colisão de aves nas redes elétricas de distribuição de eletricidade de média e alta tensão, os casos de envenenamento e aves feridas a tiro, os animais presos em armadilhas, entre outros, permitindo assim a aplicação de medidas de minimização das ameaças à nossa biodiversidade.

Estes Centros de Recuperação de animais selvagens prestam um serviço público em Portugal há mais de 20 anos, e o seu trabalho tem vindo a crescer ao longo das últimas décadas, apesar da escassez de apoios e recursos para a sua missão. Pelo que o apoio do Fundo Ambiental, no ano de 2019, concedido aos três Centros, no âmbito do concurso nº 13023/2019, veio permitir melhorar consideravelmente o trabalho e a capacidade de resposta do trabalho realizado nestes centros. Este investimento ajudou a melhorar a resposta ao aumento da casuística de entrada, contribuindo assim para a sustentabilidade do projeto a médio e longo prazo.

Este apoio veio igualmente permitir alocar mais recursos, equipamentos e melhorar infraestruturas, que já apresentavam algum desgaste e sobredimensionamento face às atuais necessidades das regiões de influência onde os centros estão localizados, nomeadamente os distritos de Castelo Branco, Portalegre, Santarém, Leiria, Setúbal, Évora e Beja.

Mais sobre os CRAS da Quercus em: https://www.quercus.pt/projectos/centros-fauna-selvagem