Chuva de março origina desagravamento da situação de seca meteorológica em Portugal

O mês de março, em Portugal continental, foi normal em relação à temperatura e chuvoso em no que à precipitação diz respeito. Os dados pertencem ao boletim informativo Clima e Energia, publicado pela Lisboa E-Nova, relativo ao mês de março de 2022.

Segundo o boletim, o valor médio da temperatura média, 11,88 ºC, foi muito próximo do valor normal no período 1971-2000 (-0,04 ºC). Em relação à precipitação, foi o sexto março mais chuvoso desde 2000, com um valor médio da quantidade de precipitação de 102 mm, que corresponde a 168% do valor normal. A destacar que na região sudeste (Évora, Beja e Faro) a quantidade de precipitação chegou ao triplo do valor normal.

Segundo o índice PDSI (Palmer Drought Severity Index), no final do mês, houve um “desagravamento da situação de seca meteorológica em todo o território”, desaparecendo a classe de seca extrema. Em comparação com 1981, 2005 e 2012, a atual situação de seca já não se apresenta como uma das mais severas. A distribuição percentual da situação atual de seca no território: “2,4% seca fraca; 81,7% seca moderada, 15,9% em seca severa”, lê-se no boletim.

[blockquote style=”1″]Chuva não altera situação deficitária nas grandes bacias [/blockquote]

Os armazenamentos por bacia hidrográfica mantêm-se inferiores às médias de armazenamento de março (1990/91 a 2020/21) em todo o território, exceto na bacia do Mondego. Apesar da manutenção da situação deficitária face à média, o boletim indica que não se registaram “agravamentos”, registando-se inclusivamente alguma “recuperação de volumes armazenados” como são os casos da bacia do Mondego, com a barragem da Aguieira a acumular 49 hm (+ 11,5 p.p.), e da bacia do Tejo, com a barragem de Castelo do Bode a acumular 62 hm (+5,6 p.p.).

[blockquote style=”1″]Consumo de eletricidade sobe 9%[/blockquote]

Em março, o consumo de eletricidade atingiu os 4455 GWh, que corresponde a um aumento homólogo de 9,4% (8,3% com correção de temperatura e dias úteis), superando também o nível de consumo homólogo pré-pandemia (2019).

A produção por via de fontes renováveis abasteceu 56,6% do consumo (eólica com 33,3%, hídrica com 13,4%, biomassa com 6,4% e solar com 3,5%). Apesar do aumento da produção eólica (+40%) e solar (+15%), a produção renovável registou uma queda homóloga de 20%.

Já a produção por via de fontes não renováveis (maioritariamente gás natural) abasteceu 30% do consumo. O restante consumo foi abastecido pela importação (13,3%).

Este boletim dá ainda ênfase ao consumo de gás natural, que registou um aumento homólogo de 7,7%, com o segmento das centrais elétricas a aumentar 109% face ao ano anterior. A duplicação do consumo neste segmento implica que, nos restantes segmentos, se tenha registado um decréscimo (-21%) motivado pela contração do consumo no segmento dos grandes consumidores industriais

[blockquote style=”1″]Março em alta com preço médio em 283€ por MWh[/blockquote]

De acordo com o boletim da Lisboa E-Nova, o preço médio aritmético da eletricidade produzida em março atingiu os 283,21 euros por MWh, valor muito influenciado pela escalada da primeira semana do mês, em que se registaram valores médios diários acima de 400 euros por MWh, com picos horários acima de 600 euros por MWh.

[blockquote style=”1″]Preço das licenças abaixo dos 80€[/blockquote]

Após uma forte queda, com cotação a baixar dos 60 €/t no início de março, o mercado de licenças de emissão recuperou com o preço da tonelada de CO a fixar-se nos 76 € no final de março, destaca ainda o boletim.