Cidadãos contribuem para o projeto “Biodiversidade no Arouca Geopark”

A conservação dos valores naturais e da biodiversidade do Arouca Geopark é um dos grandes objetivos da Associação Geoparque Arouca (AGA), que tem desenvolvido diversas iniciativas, no sentido de envolver a comunidade no conhecimento e desenvolvimento de ações em prol da nossa natureza e do meio ambiente. Neste sentido, o projeto “Biodiversidade no Arouca Geopark” é um dos grandes exemplos do envolvimento dos cidadãos, que originou o projeto Ciência Cidadã, no qual os cidadãos têm a oportunidade de se tornarem naturalistas e embaixadores da nossa biodiversidade.

Em comunicado esta associação dá a conhecer os testemunhos dos naturalistas mais ativos no projeto “Biodiversidade no Arouca Geopark”: Carminda Santos, Avelino Vieira, Pedro Resende, Joaquim Barbosa e Maria Rodrigues. Siga os seus exemplos.

Carminda Santos, professora

“Colaborar com o projeto “Biodiversidade do Arouca Geopark” tem sido uma experiência contínua de redescoberta da minha Terra. Sempre gostei de observar a natureza, especialmente as plantas e tudo o que é de pequenas dimensões. Tive sempre muita curiosidade em observar para além daquilo que os olhos conseguem ver com um breve olhar. A participação neste projeto já me trouxe uma grande alegria. Consegui observar em alguns locais, próximo da minha casa, uma pequena orquídea selvagem – Dactylorhiza maculata. Soube da sua existência aqui em Arouca, quando assisti a uma palestra do Dr. Jorge Paiva, há cerca de 25 anos. Nestes anos todos, nunca a tinha observado, porque nunca me tinha dedicado verdadeiramente à sua busca. A procura mais atenta de novos registos para inserir na plataforma Biodiversity4all, trouxe-me esta satisfação: localizei-a finalmente e, em várias áreas. Observar a natureza, é algo que gosto de fazer e, ao mesmo tempo, estou a contribuir com dados que permitem aos investigadores terem um maior conhecimento sobre a biodiversidade. É uma dupla satisfação. Este é um contributo para a ciência, que está ao alcance de todos e, por isso deixo aqui o meu desafio: Quantos mais, melhor!”

Avelino Vieira, fotógrafo

“O gosto e o carinho pela observação dos seres vivos (selvagens e domésticos) nasceu comigo. Sou um apaixonado pela Natureza e pela fotografia e motiva-me contribuir para a inventariação e descoberta de novas espécies, principalmente no território onde nasci e que escolhi para continuar a viver. Muitas vezes, enquanto fotografo, reflito se estas espécies existirão daqui a alguns anos. Infelizmente, as ameaças são muitas! Em miúdo recordo-me de ver imensas vacas-louras e, atualmente, encontrá-las já se torna um desafio, pois a espécie está ameaçada de extinção. Para mim, foi uma vitória conseguir voltar a observá-la e a registá-la, sinalizando um local onde ocorre e que, como tal, deve ser protegido! Também admiro a beleza do loendro que resiste na Serra da Freita, muito graças ao local paradisíaco que “escolheu” para viver. Apenas temos um exemplar e, todos os anos, dá-me imenso prazer fotografá-lo. Estas duas espécies são exemplo de que se não protegermos os seres vivos autóctones que temos, eles vão diminuindo e podem mesmo deixar de existir. Junte-se a este projeto, conheça a riqueza dos locais onde vive ou passeia e, sobretudo, cuide deles!”

Pedro Resende, engenheiro, guia/intérprete

“Naturalista – Pessoa que defende uma forma de vida em conformidade com as leis da Natureza. Tudo começa com o gosto e o interesse de aprender, uma boa oportunidade, uma boa fotografia, a seguir o gosto de compreender mais e mais passando também, algumas vezes, pela frustração de parecer nada saber no meio de tanta Biodiversidade. Quando juntamos Natureza e Amigos, a aprendizagem torna-se mais fácil, de todos os que ajudam a identificar as espécies aos próprios seres vivos. Partilhei caminho com esta borboleta-zebra numa encosta íngreme da Frecha da Mizarela, enamorámo-nos, respeitámo-nos, permitiu a captura da imagem, daí a estender a palma da mão e lá pousar foi mais um passo, aí percebemos que também somos uma espécie e que podíamos ter a nossa fotografia numa plataforma de Biodiversidade, aí somos já Natureza! Venha, descubra, descubra-se e faça parte desta fantástica Biodiversidade do nosso território”.

Joaquim Barbosa

“O Arouca Geopark é um território com uma elevada riqueza ecológica pois abarca diferentes tipos de paisagens e um microclima que permite ser o habitat duma grande variedade de seres vivos e dos quais, alguns, infelizmente em risco de extinção. Por isso e, desde que adquiri uma teleobjetiva, comecei a registar este universo desconhecido e tão nosso vizinho, do mundo macro dos insetos ao voo altíssimo duma águia, das pequenas campainhas-amarelas a vasta copa do castanheiro, tudo isto me tornou um ávido curioso sobre a biodiversidade existente no nosso território. O projeto «Biodiversidade do Arouca Geopark» abriu-me uma porta para poder partilhar e dar a conhecer estes registos com a comunidade em geral, juntamente com o “olhar” atento de outros participantes, permitindo assim despertar curiosidade e apelar à proteção deste magnífico tesouro existente no Arouca Geopark. Dos vários registos que efetuei, todos eles me despertaram uma admiração pelo ser que estava a ser fotografado, mas o que me chamou mais a atenção foi a posse descontraída que um lagarto-de-água tomou à frente da minha objetiva, o “rapaz” deixou-me fazer vários disparos sem nunca se preocupar com a minha presença, tornando este encontro um momento único para mim”.

Maria Rodrigues, estudante

“O uso da máquina fotográfica e a imagem pormenorizada dos seres vivos surpreenderam-me e motivaram a minha participação neste projeto «Biodiversidade do Arouca Geopark». Até agora, já conheci muitos seres vivos, descobri o nome deles e o que posso fazer para não os prejudicar. Também é divertido mostrar as fotografias que tiro às outras pessoas, assim como ver as que elas partilharam. Em minha casa, em casa dos meus avós ou durante as caminhadas que faço estou sempre a descobrir seres vivos que, antes da minha participação neste projeto, me eram indiferentes. Até já conheço algumas plantas invasoras e, sempre que consigo, arranco-as. Adoro fotografar aves, borboletas e flores. Contudo, fiquei muito impressionada com os olhos enormes de uma mosca-das-flores que consegui fotografar. Se estivesse com os meus amigos teria certeza de que eles iriam gostar de participar neste projeto. Iriam aprender a conhecer a natureza que os rodeia e a divertir-se à grande!”