Cimeira do clima entre a incerteza e os apelos de Trump

No arranque da sua fase mais política e decisiva, com entrada em cena, esta terça-feira, dos líderes mundiais, a Cimeira do Clima de Marraquexe caminha agora a passos largos para a reta final – termina na sexta-feira. No entanto, o ambiente festivo que marcou o início da COP22 oscila agora entre os sentimentos de incerteza que a vitória de Donald Trump lançou sobre o combate às alterações climáticas, avança hoje o Diário de Notícias.

No próprio palco da cimeira foram vários os líderes mundiais que reafirmaram ontem a “irreversibilidade do Acordo de Paris” e pediram a Trump que respeite os compromissos assumidos pelo seu país na lua contra o aquecimento global.

François Hollande foi um deles. “Os Estados Unidos, maior economia do mundo e segundo maior emissor de gases com efeito de estufa têm de respeitar os compromissos assumidos”, afirmou o presidente francês perante uma assembleia de mais de 80 líderes mundiais.

Antes de Hollande, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que abriu a conferência, já tinha dado o mote. “Como presidente dos Estados Unidos, espero que ele compreenda a seriedade e a urgência de tratarmos o problema das alterações climáticas, espero que reavalie o que disse durante a sua campanha”, afirmou o responsável, sublinhando que Trump, “sendo uma pessoa de grande sucesso nos negócios, vai com certeza tomar uma decisão sensata”.

Em várias ocasiões durante a campanha, Donald Trump classificou o aquecimento global como “uma farsa” e garantiu que iria tomar a decisão de sair do Acordo de Paris e que tudo faria para revigorar a economia ligada aos combustíveis fósseis.

Para já, tudo parece indicar que seguirá essa linha, uma vez que para chefiar a Agência de Proteção ambiental americana, Trump escolheu Myron Ebbers, um dos mais negacionistas das alterações climáticas e fervoroso promotor das indústrias do carvão. Além disso, segundo uma fonte da equipa de transição do próximo presidente dos Estados Unidos, Trump pretende retirar o país do Acordo de Paris no prazo máximo de um ano – algo improvável porque o acordo prevê que um país só pode sair ao fim de quatro anos.

O representante dos Estados Unidos na COP22, Jonathan Pershiong, disse esta terça-feira que “os chefes de Estado podem mudar, mas estou confiante de que podemos, e vamos, apoiar um esforço internacional duradouro para travar as alterações climáticas”.