Classificação do gás fóssil e nuclear como “verdes” é revés no Pacto Ecológico Europeu, lamenta ZERO

O Parlamento Europeu votou esta quarta-feira, 6 de julho, o Ato Delegado Complementar de Taxonomia da União Europeia, com cerca de 54% dos deputados a escolher classificar determinados investimentos no gás fóssil e no nuclear como sustentáveis, considerando-os a partir de 2023 como atividades de transição que contribuem para atenuar as alterações climáticas. Embora a inclusão destas atividades nesta classificação seja limitada no tempo e dependente de condições específicas, trata-se claramente de um “revés” no Pacto Ecológico Europeu e na sua ambição, lamenta a associação ZERO.

Para a ZERO, estão “postos em causa” os objetivos climáticos europeus, uma vez que “a utilização do gás fóssil implica grandes quantidades de emissões de gases de efeito de estufa, quer na queima (dióxido de carbono), quer ao longo de toda a cadeia de extração e transporte (metano)”. Estão assim “criadas condições para incentivar investimentos em novas centrais a gás que farão aumentar a dependência da União Europeia de gás fóssil importado, prejudicando ainda o objetivo de alcançar a independência energética total da Rússia e perpetuando a dependência energética de outros blocos económicos”, critica a Associação, num comunicado.

No mesmo comunicado, a ZERO congratula os eurodeputados portugueses por se terem oposto à proposta. Entre os 278 eurodeputados no Parlamento que constituem os 46% que votaram contra esta classificação, estão 18 dos 21 eurodeputados portugueses. Ou seja: “Uma larga maioria dos representantes de Portugal no Parlamento Europeu votou ao lado da rejeição, o que é de saudar, havendo apenas o registo de não votação por parte de três desses eurodeputados, Nuno Melo, Marisa Matias e Paulo Rangel”, afirma a ZERO.