Como os grandes grupos podem gerir as suas emissões de Scope 3 e transformar o desafio ESG numa vantagem estratégica
Uma das questões mais complexas para grandes grupos empresariais é, sem dúvida, a gestão das suas emissões de Scope 3. Para quem ainda não está familiarizado, o Scope 3 representa todas as emissões indiretas que acontecem na cadeia de valor da empresa: desde fornecedores, transporte de matérias-primas, até a utilização final dos produtos. Para empresas com centenas ou milhares de fornecedores, estas emissões podem facilmente representar 90% ou mais da pegada de carbono total.
O desafio torna-se ainda maior quando se percebe que estas emissões não são controláveis diretamente. Uma fábrica de produtos químicos que fornece uma grande marca de cosméticos não pode controlar todas as práticas ambientais dos seus clientes ou dos seus fornecedores. Mas há uma solução prática e estratégica que está a transformar este problema em oportunidade: disponibilizar aos fornecedores uma ferramenta padronizada de medição da pegada de carbono.
Ao fazer isso, cada fornecedor passa a medir, reduzir, reportar e até compensar as suas próprias emissões. Na prática, isso significa que aquilo que antes estava contabilizado como Scope 3 da empresa “desaparece” do seu balanço, transformando-se em emissões de Scope 1 e 2 do fornecedor. O efeito é imediato: a pegada de carbono reportada, diminui significativamente, sem que seja necessário alterar os processos internos ou esperar por uma mudança estrutural de toda a cadeia.
Exemplos concretos ilustram este ponto: imagine um grande grupo de distribuição alimentar com centenas de fornecedores de embalagens, logística e produtos frescos. Se cada um destes fornecedores tiver uma ferramenta que lhes permita medir e gerir a sua própria pegada, o grupo deixa de ter de contabilizar todas essas emissões como suas, reduzindo drasticamente o seu Scope 3 e ao mesmo tempo incentivando práticas sustentáveis em toda a cadeia.
O mesmo se aplica a grupos industriais com milhares de peças e componentes: fabricantes de automóveis, eletrónica ou produtos de consumo rápido dependem de dezenas de camadas de fornecedores. Se cada fornecedor implementar um sistema de medição, reporte e compensação das emissões, o grupo ganha clareza, precisão e cumprimento da CSRD, enquanto dilui o impacto ambiental total atribuído ao seu nome.
Mas há outro ponto importante: não faz sentido que cada grande grupo desenvolva internamente estas plataformas! A Footprint Consulting oferece uma ferramenta SaaS que permite uma medição padronizada, escalável e auditável, sem que seja necessário investir em desenvolvimento interno. Trata-se de uma solução pronta a utilizar, capaz de integrar facilmente a cadeia de distribuição e elaborar relatórios certificados (ISO, GHG Protocol) que garantem credibilidade e compliance.
Contudo, o impacto vai além da conformidade regulatória: ao adotar estas ferramentas, os grandes grupos conseguem posicionar-se como líderes de sustentabilidade, reforçar a confiança de investidores e bancos, melhorar o acesso a mercados internacionais e, simultaneamente, criar uma rede de fornecedores comprometidos com a redução de emissões.
Em suma, a gestão do Scope 3 não precisa de ser um pesadelo. Com a estratégia certa e a ferramenta adequada, as grandes empresas podem transformar uma obrigação regulamentar num motor de eficiência, inovação e reputação.