Nuno Gonçalves, vice-presidente do IAPMEI, agência para a competitividade e inovação, foi um dos oradores do 1.º Congresso de Sustentabilidade da GS1 Portugal, que acontece esta quinta-feira, em Lisboa, e veio falar sobre como preparar as PME’s (pequenas e médias empresas) no contexto da sustentabilidade.
Não ignorando os desafios que existem a nível internacional, nomeadamente o Green Deal e a implementação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas), Portugal encontra-se 16.ª posição no Sustainable Development Report, entre 167 países europeus. Apesar de ser um dado considerável, Nuno Gonçalves frisou que “não estamos satisfeitos” e que “podemos e devemos progredir mais”.
Um relatório anual, em conjunto com a Universidade Católica, revela que 83% das grandes empresas incorporam objetivamente os ODS nas suas estratégias e, atualmente, ao ano de 2024, 40% das PME’s também já o fazem. Mesmo assim, “temos de colocar o pé no acelerador para aproximar do nível e intensidade das grandes empresas”.
Dois terços das PME’s reconhecem que “há grande valor em incorporar nas suas estratégias mais sustentabilidade” e vêem como os ODS mais importantes o 3, 4, 7, 8, 9 e 12, que dizem respeito, respetivamente, a Vida Saudável, Educação de Qualidade, Energias Renováveis, Trabalho Digno e Crescimento Económico, Inovação de Infraestruturas e Produção e Consumo Sustentáveis.
“O IAPMEI está no centro desta transformação: estamos preocupados em carregar no acelerador e ajudar as nossas empresas neste processo de transformação, e obviamente, naquilo que é a nossa atuação, tocamos em todos os 17 ODS, mas quando falamos ao nível do sistema de incentivos, temos aqui um conjunto de ODS que têm mais insistência, ou seja, nove destes 17 são trabalhados através das nossas politicas [PRR e PT2030]”, afirmou Nuno Gonçalves.
O próprio acrescentou que “para causar impacto em politicas públicas não basta uma política, temos de ter várias, todas alinhadas na mesma direção e com várias velocidades”.
Depois de mostrar os objetivos de programas como o Portugal 2030 e o PRR (Programa de Recuperação e Resiliência), o vice-presidente do IAPMEI revelou que a agência está a lançar o projeto NZIA (Net Zero Act Industry), que em breve estará disponível para as empresas candidatarem os seus projetos de neutralidade carbónica. Este programa poderá dar acesso direto a fundos europeus, ficando logo inscrito no STEP (Strategic Technologies for Europe Plataform), uma plataforma que vai “canalizar melhor os fundos existentes da UE para investimentos críticos destinados a apoiar o desenvolvimento ou o fabrico de tecnologias digitais e tecnologias limpas e eficientes, incluindo as biotecnologias”.
Por fim, Nuno Gonçalves ainda mostrou as vantagens do Portal SIBS ESG, que permite às empresas uma forma de reporting simples e “com a conexão que entenderem”, visto que as mesmas é que têm de dar autorização para os bancos terem acesso à informação.
O 1.º Congresso de Sustentabilidade GS1 Portugal decorre ao longo desta quinta-feira, 23 de janeiro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, reunindo empresas e stakeholders. Durante este evento serão entregues os prémios Lean & Green às empresas que revelaram mais progresso na descarbonização das suas operações logísticas e de transporte.