Construção de grande área de estufas junto à ria Formosa embargada

A instalação de uma grande área de estufas para produção de framboesas no concelho de Tavira foi parcialmente embargada no passado dia 30 de outubro pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR). A exploração agrícola estava a ser montada na Quinta da Torre d’Aires, uma propriedade de 43 hectares localizada na freguesia da Luz, junto à Ria Formosa, onde, em tempos, se situou a cidade romana de Balsa e onde ainda existem abundantes vestígios arqueológicos, avança o jornal Público.

O embargo incide apenas sobre 14,8 hectares que estão incluídos na Reserva Ecológica Nacional (REN), numa zona classificada como Faixa de Proteção ao Sistema Lagunar. Os responsáveis pelo empreendimento, donos da Surexport, uma das principais empresas espanholas de produção de frutos vermelhos, com sede na província de Huelva, obtiveram no inicio do verão um parecer favorável do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), do qual depende o Parque Natural da Ria Formosa, mas não solicitaram a necessária autorização de outros organismos com competências nessa área.

O gerente da empresa, Ignacio Márquez, garantiu, porém, ao Público que ninguém os informou de que o projeto tinha de ser igualmente aprovado por outras entidades.

Iniciados em setembro, os trabalhos de terraplanagem nos terrenos – que abrangem não apenas os 14,8 hectares incluídos na REN, mas também outras áreas – prosseguiram com a montagem de estruturas metálicas que suportarão as coberturas de plástico das estufas, em forma de túnel, e com a instalação da rede de rega. Foi uma cidade francesa residente em Tavira, Bénédicte Travaux, quem deu o alerta, preocupada com o impacto paisagístico do “mar de plástico” que vinha a caminho.