“Continuamos a falar de mudanças climáticas, mas é de mudanças nos negócios que precisamos tratar”, diz fundador e presidente da Plastic Bank

Em visita a ponto de recolha da Plastic Bank em Itaguaí, no Rio de Janeiro, o CEO David Katz defendeu o combate à poluição plástica e a reintrodução do material na cadeia produtiva: “se cada pedaço de plástico que vemos no oceano fosse facilmente trocado por cinco dólares, acha que veríamos algum no oceano?”.

O empresário dedica-se há mais de 10 anos ao desenvolvimento de um ecossistema capaz de reduzir a poluição plástica nos oceanos e beneficiar recolhas de material reciclável, e na sua visita ao Rio de Janeiro refletiu sobre uma nova forma de fazer negócios e sustentou que é preciso olhar com mais atenção para um modelo regenerativo, que seja “da sociedade para a sociedade”.

“Continuamos a falar de mudanças climáticas, mas é de mudanças nos negócios que precisamos tratar. O modelo tradicional implica em extrair valor dos outros, é quase contra a lei que as empresas sirvam à sociedade. Agora, um modelo regenerativo é pensado para servir a todas as pessoas, à medida em que cada transação vai tornando o mundo melhor”.

Atualmente, a Plastic Bank atua no Brasil, na Indonésia, nas Filipinas, no Egito e em Camarões (sob modelo de licença), tendo viabilizado a recolha de mais de 93 milhões de quilos de plástico, o equivalente a mais de 4,7 biliões de garrafas plásticas. No Brasil, a empresa atua desde 2019 e só nesse país já recolheu mais de 4,7 milhões de quilos de plástico para reciclagem.

Por meio do programa da Plastic Bank, quem recolhe recebe uma bonificação por quilo de material plástico entregue nos pontos de recolha associados, o que garante renda extra, benefícios e melhorias na qualidade de vida. Somente no Brasil, são mais de 3.500 coletores cadastrados no programa.

Todas as trocas feitas ao longo da cadeia de reciclagem são registradas por meio de uma plataforma própria protegida por blockchain, ajudando a verificar relatórios e possibilitando uma recolha rastreável. O plástico recolhido para reciclagem é processado e transformado no Plástico Social, que, após o beneficiamento, pode ser reintegrado em novos produtos e embalagens, como parte de uma cadeia circular de suprimentos.

O objetivo da empresa agora é expandir para outros países da América Latina: “precisamos estar no resto da América Latina porque é uma combinação de onde estão oportunidades de negócios latentes, recicladores e processadores, e necessidade de soluções para o combate à poluição plástica. Queremos experimentar para, no futuro, permitir que o mundo inteiro crie os seus próprios ecossistemas para destinar materiais, de modo a que todas as pessoas consigam fazer um pouco de dinheiro extra. Estamos a ver uma nova geração que quer dar a vida por um propósito e isso deve-nos motivar”, concluiu o CEO.