Contribuir para a sustentabilidade da agricultura é a missão do Valorfito

O Valorfito – Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura, nasceu na sequência da publicação da legislação europeia que classifica os resíduos. Nessa altura, os resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos foram considerados perigosos e, nesse sentido, a indústria sentiu a necessidade de lhes dar um destino correto e, em simultâneo, de resolver um problema que acaba por ser de toda a rede comercial e dos agricultores, explica António Lopes Dias, diretor geral do Valorfito.

Assim, em 2004, em colaboração com a Groquifar, foi constituído um Grupo de Trabalho cuja missão era desenvolver e implementar um sistema de gestão destes resíduos. Fizeram-se dois projetos-piloto para testar as primeiras ideias e, em 2006, foi concedida pelo então Instituto Nacional dos Resíduos a devida licença, que ainda hoje está em vigor, à Sigeru, Lda., uma sociedade detida em 87,5% do capital pela Anipla – Associação Nacional para a Proteção das Plantas e 12,5% do capital pela Groquifar, como entidade gestora do Valorfito.

Apesar de originalmente ter sido criado para gerir especificamente resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, António Lopes Dias garante que a missão do Valorfito “pode e deve ir mais além na gestão de resíduos provenientes da atividade profissional agrícola”, como aliás sucede com outras congéneres europeias. E sublinha que o objetivo é “contribuir para a sustentabilidade da agricultura”.

Desde março de 2012, data em que foi entregue o respectivo Caderno de Encargos, que o Valorfito aguarda pela renovação da licença emitida em 2006, e que abrange o alargamento de âmbito para embalagens de sementes e biocidas. “Após a emissão da licença, preparamo-nos agora para propor o alargamento a embalagens secundárias de produtos fitofarmacêuticos e a embalagens primárias de adubos, fertilizantes e corretivos”, esclarece o responsável.

O Valorfito está também a trabalhar com a FCT-UN no sentido de comprovar cientificamente que as embalagens vazias de fitofarmacêuticos que sofreram uma tripla lavagem possam ser consideradas resíduos não perigosos, por conterem níveis de substância ativa abaixo do mínimo legislado. Outra novidade será a campanha de sensibilização para recordar aos agricultores a importância de efetuarem a operação de tripla lavagem nas embalagens em que a mesma é recomendada no próprio rótulo.

Taxa de Retoma subiu em 2016
E os resultados alcançados pelo Valorfito continuam a ser bons. Diz-nos António Lopes Dias que, em 2016, as quantidades retomadas mantiveram-se praticamente estáveis mas as quantidades colocadas no mercado baixaram 12%. Como resultado, a Taxa de Retoma de produtos fitofarmacêuticos subiu para os 53%, ultrapassando pela primeira vez os 50%. Também o número de pontos de retoma aumentou o ano passado e, neste momento, existem perto de 1000 locais ativos em Portugal. Para 2017, e embora reconheça que ainda seja cedo para fazer balanços, o diretor geral do Valorfito acredita que a Taxa de Retoma se aproxime dos 55%.

*Este artigo foi publicado na Ambiente Magazine 75.