COP22: Esforço global para proteger e gerir florestas de forma sustentável

No segundo dia da 22ª Sessão da Conferência das Partes (COP22) os líderes falaram no esforço global para se proteger, restaurar e gerir florestas de forma sustentável. Anunciaram deste modo, uma série de medidas que mostram os progressos neste sentido e para o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris.

Várias iniciativas deste a África, Indonésia e América do Sul estão a mostrar como as ações e mitigação e adaptação climática relacionada com as florestas e agricultura estão ancoradas às contribuições de mais de 120 partes da convenção sobre o clima. Um anúncio que ocorre dois anos depois da Declaração de Nova Iorque sobre As Florestas, em que foi acordado reduzir o desflorestamento para metade até 2020, e de tentar acabar com a perda de florestas até 2030.

O dia da ação florestal na COP 22 faz parte da Agenda Global de Ação Climática, uma iniciativa de França e Marrocos para impulsionar a cooperação entre governos, cidades, empresas, investigadores e cidadãos, de modo a reduzir as as emissões e ajudar as nações vulneráveis a adaptarem-se.

“Conservar, restaurar e gerir as florestas é essencial para atingir os objetivos globais de desenvolvimento sustentável, incluindo o combate à desertificação e à segurança hídrica”, afirmou Abdeladim Lhafi, Alto Comissário para a Água, as Florestas e a Luta contra a Desertificação, e co-organizador do evento.

Já Helen Clark, administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e co-organizadora do evento, disse: “as florestas são uma das maiores e mais rentáveis respostas que temos para a mudança climática”, acrescentando que “os países, a sociedade civil, o setor privado e os povos indígenas estão trabalhando poderosamente juntos para proteger as florestas para limitar o aquecimento global a menos de 2 ° C acima dos níveis pré-industriais, de acordo com os objetivos do Acordo de Paris”.

O desmatamento e a degradação florestal contribuem atualmente para 12% das emissões de carbono – mais do que todo o setor de transportes combinado. Por isso, ao travar a desflorestação e reverter a degradação, as florestas poderiam contribuir significativamente para a solução climática.

Vários anúncios foram feitos na sessão de terça-feira:

  • Ação de limpeza na Indonésia: O governo anunciou que está a implementar uma ação para a remoção de turfeiras – um tipo de solo – intactas de carbono. A medida pretende acabar com novas e rever as concessões de turfa existentes.
  • Planeamento Florestal para a Paz na Colômbia: Nos últimos três anos, a desflorestação foi reduzida em 50%. Agora ligada ao processo de paz, a Colômbia pretende fechar a fronteira florestal como um componente chave de um futuro pós-conflito. Os esforços incluem focar o desenvolvimento em terras não florestais e implementar uma reforma de posse, e colocar grandes áreas de floresta sob o controlo dos povos indígenas.
  • Liderança Africana em desenvolvimento sustentável: A parceria público-privada Aliança Tropical Florestal 2020 anunciou a iniciativa Africana de Óleo de Palma, uma nova declaração regional que traça um caminho para o desenvolvimento responsável. Através da iniciativa, os governos africanos comprometeram-se a aprender e evitar a desflorestação causada pelo setor do oléo de palma, na Ásia.
  • Transformação Brasileira: O Código Florestal do Brasil é uma ferramenta concreta para evitar o desmatamento ilegal, aumentar e consolidar os processos de conservação e restauração da floresta no campo e agregar valor sustentável à agricultura e ao gado brasileiros. A estratégia de Produzir, Conservar e Incluir (PCI) de múltiplos atores no Mato Grosso, Brasil, vai reduzir, simultaneamente, o desmatamento na Amazónia em 90%,até 2030. Além disso, vai aumentar a produção agrícola e promover a inclusão sócio-económica dos pequenos proprietários e das populações tradicionais.
  • Tecnologia revolucionária para a transparência: A nova parceria entre a FAO e o Google criou o Collect Earth, uma ferramenta de código aberto que fornece acesso a grandes coleções de imagens de satélite de alta resolução e ‘cloud computing’. Isto permite que os países produzam estimativas rápidas e rentáveis de uso da terra e mudança de uso da terra, aumentando assim a exatidão das estimativas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, do desmatamento e da degradação florestal.