COP26: “A expectativa é demasiado grande para eu alguma vez me poder demonstrar otimista”, declara ministro

“A expectativa é demasiado grande para eu alguma vez me poder demonstrar otimista”, afirmou João Pedro Matos Fernandes. ministro do Ambiente e da Ação Climática, em declarações à Agência Lusa à margem da cimeira do clima das Nações Unidas, onde esta quarta-feira vai intervir no plenário do segundo segmento de alto nível, com a declaração nacional de Portugal sobre os compromissos para cumprir o Acordo de Paris.

Na mesma entrevista, o chefe da pasta do Ambiente, admitiu que “manifestamente todas as partes estão a mexer, aquelas que estavam irredutíveis e que levaram à não decisão estão todas hoje com uma posição mais flexível, há trabalho feito e vão fazer mesmo tudo para ter um acordo até ao final desta semana”.

Em relação ao financiamento climático para ajudar os países mais pobres a mitigarem as suas emissões e adaptarem-se aos efeitos das alterações climáticas que já se fazem sentir, o ministro do Ambiente considera que será “uma decisão de última hora. Nós estamos perto da nossa meta, não quer dizer que vamos mesmo atingir a nossa meta, mas eu direi que tão importante como chegarmos aos 100 mil milhões de euros por ano, é garantirmos que metade dessa verba é para adaptação. Parte significativa dos países que mais precisam de apoio não tem culpa nenhuma no que foi o aquecimento global. Esses são países com grandes fragilidades, não só estruturais como em face daquilo que são as alterações climáticas, por isso é essencial”.

À Lusa, Matos Fernandes afirmou que a periodicidade com que são revistas as contribuições nacionais para os objetivos do Acordo de Paris, “que é um tema nada pacífico”, há progresso: “ontem havia nove hipóteses, hoje há duas”.

Em jeito de balanço sobre a primeira semana de COP26, o governante considera que foi”mais positiva que negativa”, com acordos atingidos sobre fim de apoios a novas centrais a carvão, que não foi subscrita pelos Estados Unidos, a redução da produção de metano e o fim da desflorestação até 2030, “compromissos de grande alcance que têm que ser cumpridos por todas as partes”.

A cimeira da ONU sobre o clima, a COP26, que decorre em Glasgow, Reúno Unido, termina na próxima sexta-feira, dia 12 de novembro.