Da conformidade à colaboração: o papel da inovação na sustentabilidade empresarial
Por Ana Costa, Managing Director da Beta-i
A Europa está a mudar. E, com ela, muda também a forma como pensamos a sustentabilidade nas empresas. Durante muito tempo, associámos sustentabilidade a compliance — uma resposta reativa à pressão regulatória. Mas hoje, esse paradigma já não chega. A nova vaga regulatória europeia, com destaque para o pacote legislativo Omnibus, está a acelerar uma mudança profunda: a sustentabilidade deixou de ser um apêndice e passou a ser um critério central de acesso a mercado, investimento e competitividade.
Neste novo contexto, as empresas enfrentam duas opções: adaptar-se ou liderar. E é aqui que a inovação entra, não como um fim em si, mas como uma alavanca de transformação sistémica. Mais do que criar soluções novas, a inovação sustentável exige reorganizar as perguntas, os processos e as relações que sustentam a criação de valor.
Na Beta-i, acreditamos que inovar com impacto exige colaboração. É por isso que desenhamos e facilitamos programas que juntam empresas, startups, academia, instituições públicas e sociedade civil em torno de desafios comuns e ambições concretas. O nosso papel, enquanto consultora de inovação, é o de tradutores — entre diferentes linguagens, ritmos e interesses — e catalisadores — criando as condições para que a mudança se torne possível, testada e escalável.
Ao longo dos últimos anos, temos acompanhado esta evolução de perto. Projetos como o NextLap, onde colaborámos a Valorpneu com empresas líderes de diferentes setores, como a IP – infraestruturas de Portugal para testar novas soluções para os pneus em final de vida; o Re_Source, com a Sociedade Ponto Verde, onde co-criamos soluções para aumentar a reciclagem de vidro no canal HORECA; ou o mais recente Tomorrow Matters, com a Bondalti, que junta estudantes e ONGs para desenvolver soluções ligadas à regeneração dos territórios — mostram o potencial da inovação colaborativa para gerar impacto real.
O que aprendemos com estes projetos? Que as empresas estão prontas para fazer mais — desde que existam espaços seguros para experimentar, parceiros certos para cocriar e metodologias que traduzam ambição em ação.
A consultoria de inovação pode ser esse espaço e esse parceiro. Não para impor respostas, mas para facilitar o encontro entre o que é urgente e o que é possível. Para ajudar as organizações a reconhecer que os desafios que enfrentam não são apenas riscos a mitigar — são oportunidades para gerar novo valor económico, ambiental e social.
A Europa já definiu o rumo. Cabe às empresas decidir se o seguem ou se o lideram. E nós, na Beta-i, estaremos aqui para co-construir esse caminho.