Na sessão de encerramento da 10.ª Conferência Plenária do Conselho Local de Acompanhamento da Ação Climática de Loulé, o presidente da Câmara Municipal, Vítor Aleixo, sublinhou o esforço coletivo que tem sido desenvolvido no concelho em prol da sustentabilidade ambiental — desde a reflorestação à eficiência hídrica, passando pela aposta nas energias renováveis. Mas não escondeu as dificuldades: “Precisamos de mais recursos, mais apoio académico, menos burocracia. O desafio é imenso.”
O autarca começou por enquadrar o contexto atual: “As alterações climáticas exigem um esforço sistémico de transformação — das nossas vidas, da economia, da relação com a natureza. Não podemos manter uma lógica predadora, que esgota os recursos naturais e empurra os ecossistemas para o colapso.”
Loulé tem procurado trilhar um caminho diferente. Desde 2017, foram plantadas mais de 50 mil árvores no concelho, num esforço claro de combate à desertificação, à preservação da biodiversidade e à recuperação dos solos. Paralelamente, a autarquia tem investido em políticas de conservação ecológica, como a criação de reservas naturais locais e a integração no projeto Geoparque Algarvensis, que aspira ao reconhecimento como Geoparque Mundial da UNESCO.
No domínio da mobilidade sustentável, Vítor Aleixo destacou a renovação da frota municipal com veículos menos poluentes. “Já conseguimos renovar 18% da frota, o que equivale a cerca de 84 veículos. É um começo, mas temos de acelerar.”
Outro eixo fundamental da ação climática municipal tem sido a energia. Com o projeto Loulé Solar, a autarquia levou painéis fotovoltaicos a escolas, IPSS e edifícios públicos, promovendo o autoconsumo e a transição energética.
A gestão da água, porém, continua a ser um dos maiores desafios. As intervenções realizadas no âmbito da eficiência hídrica representam um investimento significativo, mas está longe de ser suficiente. “Temos estudos excelentes feitos pela Universidade do Algarve, nomeadamente sobre bacias de retenção, mas falta-nos capacidade para executar. Precisamos de mais apoio científico e técnico”, afirmou o presidente.
As limitações não são apenas de ordem técnica, mas também legal e estrutural. “Temos quadros legais altamente complexos, não facilitadores. Pagamos mal aos técnicos e, por isso, temos dificuldade em atrair e reter pessoas qualificadas. Não é por falta de vontade, mas por falta de meios e por entraves que nos retiram capacidade de intervenção.”
Vítor Aleixo aponta ainda os tempos excessivamente longos nos processos administrativos como fator bloqueador: “Vivemos numa sociedade de complexidade sistémica, onde tudo exige pareceres e análises demoradas. Mas esta lentidão institucional é incompatível com a urgência da ação climática.”
E conclui com uma nota de união: “Nada se faz individualmente. A única forma de enfrentar esta crise é com trabalho coletivo, em cooperação com universidades, comunidades e outros municípios. Só assim conseguiremos respostas à altura dos desafios que enfrentamos.”