Decisões políticas custaram mais de 200 milhões à EDP

A EDP pagou uma fatura superior a 200 milhões de euros nos três últimos anos à conta de decisões políticas. O balanço foi feito por António Mexia que criticou a nova tarifa social e pediu o fim da taxa extraordinária sobre a energia. “A fiscalidade e a regulação tiveram um impacto muito significativo nas receitas da companhia”, disse o presidente da EDP durante a conferência de imprensa que fechou o Capital Markets Day, que decorreu em Londres na quinta-feira, refere o Negócios.

Primeiro, pediu uma “redução o mais depressa possível” da Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE). Esta redução até poderá ser “progressiva” mas o presidente da EDP pediu que a vontade de mudar por parte do Governo tenha lugar em breve. “Gostaríamos que os sinais fossem muito claros, rápidos. Achamos que é urgente e indispensável”, disse o gestor. E frisou que este tema não estava em cima da mesa quando o Estado vendeu mais de 20 da elétrica aos chineses da Three Gorges em 2012. Esta medida já custou à ED 180 milhões de euros.

Abordou também a nova tarifa social, proposta pelo Bloco de Esquerda e acolhida pelo Governo de António Costa. Começou por sublinhar que este é um “bom instrumento de inclusão” para os consumidores economicamente carenciados. Mas defende que o financiamento da tarifa deve ser feito “de acordo com regras a nível europeu”, isto é, deve ser suportada pelo Orçamento do Estado ou pelos outros consumidores. “Não é justo”, afirmou. A elétrica prevê que a nova medida venha a custar 40 milhões de euros por ano, isto para 500 mil famílias, a meta estabelecida pelo anterior Governo de Passos Coelho. No entanto, o objetivo da nova tarifa social, que entra em vigor em julho, é atingir um milhão de famílias, o que pode dobrar a fatura para 80 milhões.

“não vemos razão nenhuma para que a eletricidade seja o único caso em Portugal e para que Portugal seja o único caso na Europa em que os gerados financiem a tarifa social. Vamos lutar para que sejamos europeus”, afirmou.