Dezenas de estudantes ocupam escolas pelo fim ao fóssil até 2030

Na manhã desta segunda-feira, 7 de novembro, os secundários Liceu Camões e António Arroio, e as Faculdades de Ciências da Universidade de Lisboa e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da avenida de Berna foram ocupadas pelo movimento “End Fossil Occupy!” que exigem o fim aos combustíveis fósseis até 2030. O mesmo acontece, durante a tarde, no Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa serão ocupados também. A mensagem do movimento em Portugal, feito pela Greve Climática Estudantil Lisboa, é simples: “Fim ao fóssil: Ocupa!”.

São dezenas de estudantes que ocupam os seus estabelecimentos de ensino, e declaram o que irão fazer até que o Governo atenda às suas reivindicações. “É impossível fingir que está tudo bem, a crise climática está aqui e, por cada barril de petróleo extraído, por cada metro cúbico de gás fóssil, a situação piora. Sabemos disto há décadas, ninguém fez nem vai fazer nada se não for a única opção que deixamos viável. Causamos disrupção porque precisamos mudar drasticamente de rumo, para um que permita um futuro para todos nós”, disse um dos alunos, António Arroio.

Sobre as ocupações em si, as estudantes estão prontas para “ocupar até vencer”, carregadas com comida, mantas, sacos-cama, tendas e muito mais. “Assumem que resistirão e lutarão por um futuro enquanto for necessário. Exigem fim aos combustíveis fósseis até 2030, assegurando uma transição justa para os trabalhadores e para um futuro renovável e o fim ao fósseis no governo, nomeadamente com a demissão de António Costa e Silva, ex-barão fóssil e atual Ministro da Economia e do Mar”, pode ler-se num comunicado, divulgado à imprensa.

“Os últimos 8 anos foram os 8 anos mais quente desde que há registo, tentámos greves e petições, reuniões com ministros e concentrações. Nos últimos 3 anos, desde que começaram as Greves Climáticas Estudantis a situação só piorou. No passado mês de setembro a Nigéria e o Paquistão estiveram inundados, a Califórnia esteve em chamas e Porto Rico foi devastado por um furacão, em Portugal, durante setembro, 96.5% do território nacional estava entre seca moderada e severa. No mesmo ano, durante maio, o Ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, assumiu a sua abertura para reabrir projetos de exploração de gás fóssil no Algarve, indo contra tudo o que cientistas recomendam para combater a crise climática”, declara Carolina Loureiro, estudante da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da NOVA, citada no mesmo comunicado.

No mesmo comunicado, o movimento “Fim Ao Fóssil: Ocupa!” remete para o “Consenso de Ação” destas ocupações para afirmar que “todas as ocupações serão diversas e assumirão diferentes moldes, tendo diferentes reivindicações locais, mas vamos todas agir de uma forma calma, e cuidada, e não vamos colocar nenhuma pessoa em perigo. Resistiremos ou contornaremos pacificamente quaisquer impedimentos de forças policiais ou de segurança. Utilizaremos diversas táticas e iniciativas criativas com o objetivo de suster a disrupção e fazer crescer a ocupação.”

Este domingo, dia 6 de novembro, mais de uma centena de professores e investigadores declararam o seu apoio e solidariedade com as várias ocupações pelo Fim ao Fóssil.

Os estudantes do movimento apelam ainda a que todos os estudantes se juntem às ocupações, e que restantes membros da sociedade as apoiem, e que participem na marcha pelo clima de dia 12 de novembro, às 14h, no Campo Pequeno, organizada pela coligação “Unir Contra o Fracasso Climático”.

O movimento a nível internacional “End Fossil Occupy!” que desde o início do semestre já terá ocupado escolas nos Estados Unidos, na Alemanha e em Espanha pelo fim aos combustíveis fósseis chegou a Portugal.