Dourogás: Em Portugal, como no mundo, resíduos é igual a energia e descarbonização

Transporte pesado de mercadorias e passageiros e indústria, estes são dois setores estratégicos que, em Portugal, já são abastecidos por biometano, um gás 100% renovável exemplo de economia circular e obtido a partir da transformação de resíduos em recursos e com uma enorme oportunidade para a descarbonização e potencial contributo para a transição energética.

Esta solução energética começa a afirmar-se no país como resposta concreta aos desafios da transição energética, cruzando benefícios ambientais, económicos e operacionais. O percurso recente do biometano evidencia ganhos relevantes em frentes como a descarbonização, a valorização de recursos, a redução da dependência externa e o reforço da competitividade nacional.

A Dourogás tem desempenhado um papel pioneiro e consistente na afirmação dos gases renováveis, como o hidrogénio e o biometano, este último uma solução escalável, tecnicamente consolidada e economicamente eficiente. Através de projetos implementados em diferentes regiões e contextos operacionais, a empresa tem contribuído para demonstrar que é possível reduzir emissões, valorizar resíduos e integrar fontes renováveis sem necessidade de alterações profundas nas infraestruturas existentes. Em vários casos, são resíduos urbanos ou industriais que alimentam ciclos de produção energética, numa lógica efetiva de economia circular aplicada ao território.

O Plano de Ação para o Biometano veio reforçar o enquadramento para acelerar este caminho, identificando fontes com elevado potencial, como as Estações de Tratamento de Águas Residuais, a indústria agropecuária, papeleira ou química. Muitas Centrais de Valorização Orgânica ainda não aproveitam o biogás que produzem ou convertem-no em eletricidade com baixa eficiência. O biometano permite inverter essa lógica e canalizar energia renovável para setores intensivos, com benefícios imediatos.

Na mobilidade, particularmente no transporte de mercadorias e de passageiros — um dos setores mais poluente e onde a eletrificação ainda enfrenta barreiras técnicas e logísticas — o biometano já está a ser utilizado em viaturas pesadas, provando que é possível manter a operação com fiabilidade e autonomia, enquanto se reduz de forma significativa a pegada carbónica. Na indústria, o biometano tem permitido não só evitar emissões relevantes, como também garantir maior previsibilidade nos custos de energia e diminuir a exposição à volatilidade dos mercados internacionais de combustíveis fósseis.

Do ponto de vista das infraestruturas, o biometano representa também uma mais-valia dada a sua compatibilidade plena com a rede de gás natural existente, o que permite a sua injeção e distribuição imediatas sem necessidade de investimentos consideráveis, de forma rápida, segura e economicamente viável.
Os projetos implementados evidenciam as vantagens do biometano, com impacto transversal no setor doméstico, industrial e na mobilidade, acelerando a transição energética em contextos reais de utilização.

A criação de condições para valorizar o CO₂ biogénico — subproduto da purificação do biometano — pode ainda acrescentar valor em aplicações industriais ou agrícolas, reforçando a lógica de aproveitamento integral dos recursos. Para concretizar este potencial é essencial ultrapassar barreiras e acelerar os processos, cuja morosidade limita a escala e o ritmo de desenvolvimento do setor.

Os resultados estão à vista, mas o impacto estrutural do biometano dependerá da capacidade de o integrar de forma estável e contínua no centro das decisões e das políticas públicas. A tecnologia está pronta e as empresas gasistas estão comprometidas em fazer parte desta evolução necessária.

*Este artigo foi publicado na edição 111 da Ambiente Magazine.