“É mesmo urgente juntarmos esforços para procurar medidas concretas que nos permitam uma transformação energética, justa e coesa”

“Ouvir, dialogar e estar bem presente naquilo que é a transição energética rumo à neutralidade carbónica”. Esta é a missão da ADENE – Agência para a Energia que, ao longo do ano, vai promover vários encontros em diferentes pontos do país. A complexidade da agenda energética, a constante evolução do setor e todos os desafios envolventes estiveram na origem para o lançamento de um “espaço de discussão” que sirva para aprofundar aquilo que são os temas mais relevantes e mais atuais do setor de energia.

Sob mote “Pensar Energia” todos os encontros vão contar com diferentes intervenientes, desde os decisores políticos, às associações representativas dos vários setores, às Ordens até aos académicos: “É, assim a forma de juntar todos de uma forma mais intimista, permitindo um diálogo com maior proximidade”, aferiu Nélson Lage, presidente da ADENE, na sessão de abertura do primeiro encontro que decorreu esta sexta-feira, 14 de abril, no auditório da Ordem dos Engenheiros Região Norte, no Porto.

Para além da proximidade que se pretende com o “Pensar Energia”, o presidente da ADENE destacou a importância da “descentralização”, com o arranque desta iniciativa no Porto: “Temos que descentralizar o debate e percorrer o país com estas conferências (..) e não centrar só em Lisboa”.

“Os Edifícios do Futuro na Transição Energética e Ação Climática” foi o tema deste primeiro encontro, que juntou a Associação Portuguesa de Bancos, Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, a Associação ZERO, a Ordem dos Arquitetos e a Ordem dos Engenheiros.

“Um tema muito atual e muito importante, onde a ADENE acredita que a cooperação e as parcerias são instrumentos essenciais à aproximação de pessoas e instituições”, classifica Nelson Lage, acreditando que este momento servirá de mote para uma maior aproximação e para a promoção de mais parcerias, no sentido de juntar os diversos players: “Precisamos mesmo de criar sinergias (…) e, tendo em conta os desafios que temos pela frente, é mesmo urgente juntarmos esforços para procurar medidas concretas que nos permitam uma transformação energética, justa e coesa”.

No seu discurso, o presidente da ADENE reiterou a importância do diálogo, considerando ser “o único caminho que temos pela frente para conseguirmos atingir os objetivos: (por isso,) contem com a ADENE para o diálogo e para debater”.

“Mais cultura de energia e mais cultura da energia”

Bento Aires

“Pensar a Energia e Pensar os Edifícios” são temas que, para Bento Aires, presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN), são caros à engenharia e aos engenheiros: “As ordens servem para servir a sociedade e para proteger a sociedade com bons profissionais e bem preparados para o exercício profissional”. E, por isso, “quando falamos na neutralidade carbónica, na reabilitação dos edifícios, da energia na componente passiva e não passiva, das climatizações ou dos próprios edifícios, falamos de engenharia”, atentou o responsável, chamando a atenção para a urgência de “mais cultura de engenharia na nossa sociedade e de mais cultura da energia face aos tempos que estamos a viver e que continuaremos a viver”.

Como nota final, Bento Aires dirigiu-se à ADENE, assegurando que a Ordem dos Engenheiros estará disponível para, em conjunto, fazerem um trabalho de capacitação dos profissionais, de forma que “os engenheiros contribuam também ativamente para que o país atinja os objetivos que tem entre mãos mais rápido, com mais rigor e com mais qualidade técnica”.

Desde a inovação às novas tecnologias, das políticas públicas e aos desafios que a digitalização traz até ao futuro da energia em Portugal, são muitos os temas que serão debatidos nos próximos quatro encontros promovidos pela ADENE. No final, caberá à Agência compilar toda a informação de forma voluntária e proativa para partilhar com o Governo.