“É nas autarquias que residem vários papéis no desenvolvimento das comunidades de energia”

A Cooperativa Coopérnico organizou esta quarta-feira, dia 17 de novembro, a segunda sessão da iniciativa “Cocriação de Comunidades de Energia em Portugal – O Papel das autarquias”. O workshop presencial decorreu em Vila Nova de Gaia e contou com a colaboração da rede europeia de municípios Energy Cities.

À Ambiente Magazine, Ana Rita Antunes, coordenadora executiva da Cooperativa Coopérnico, afirmou que o evento teve como objetivo primário “contribuir para um maior conhecimento das autarquias sobre comunidades de energia e também impulsionar e apoiar a facilitação de comunidades locais de energia renovável, com o apoio do poder autárquico”. No entender da responsável, é justamente nas autarquias que residem vários papéis no desenvolvimento das comunidades de energia: “Podem prestar o apoio administrativo, pois têm uma estrutura profissional e os cidadãos não; podem apoiar financeiramente (totalmente ou parcialmente) com o arranque de projetos de produção de energia renovável; podem ainda apoiar a entrada de cidadãos com menos disponibilidade financeira, criando equidade”, exemplifica.

Há já vários exemplos de iniciativas em curso, e que foram apresentados no workshop, nos concelhos do Porto, Lisboa e Gaia. Mas ainda há muitos entraves administrativos e financeiros no estabelecimento de comunidades de energia: “É por isso que é tão necessário que o Governo e as autarquias criem condições e apoio ao desenvolvimento de Comunidades de Energias Renováveis (CER) por parte dos cidadãos”, sustenta a coordenadora, sublinhando que devem ser desenhados “modelos alternativos de financiamento” que apoiem as comunidades e estas “não dependam totalmente de financiamento externo para conseguir criar a sua CER, nem que tenham de encontrar financiamento apenas próprio para o seu arranque”.

Ana Rita Antunes vai mais longe e afirma que as comunidades “são essenciais para envolver os cidadãos na transição energética” e permitem “aproximar os locais de produção e consumo”, além de “diminuir o custo da energia aos cidadãos e deixar mais-valias na comunidade”. O desafio é o de envolver os cidadãos e empresas, mas o futuro é promissor: “Um estudo de 2016 da Federação Europeia de Cooperativas de Energia Renovável e da Rede Europeia de Ação Climática aponta que, em 2050, metade das necessidades de energia elétrica pode ser produzida em comunidades de energia”. Para que essa meta seja atingida, “é necessário que Governo, Reguladores e Operadores da Rede de Distribuição ofereçam condições, espaço e apoio para que os cidadãos e empresas se possam organizar para tornar a produção descentralizada uma realidade em todo o território nacional”.

O que move a cooperativa é acreditar que, “através de um modelo energético renovável, justo e responsável, cidadãos e empresas devem ter um papel ativo na construção de um futuro social e ambiental sustentável. O futuro das comunidades de energia pode ser tão brilhante quanto os atores-chave no setor elétrico o queiram”, remata.