EAD: “Está muito complicado fazer um bom projeto verde”

Enquanto prestador de serviços, não têm elevados consumos de energia ou uma frota automóvel significativa. Ainda assim, há uma garantia que é dada a todos os clientes: “o encaminhamento correto de um dos resíduos que todos possuem, o arquivo que temos em depósito e que no final de vida deve ser reciclado. São mais de 1000 clientes e alguns milhares de toneladas triturados e enviados para reciclagem”. É da EAD que se trata: a Empresa de Arquivo de Documentaçã oque atua no mercado há 29 anos.

Em declarações à Ambiente Magazine, Paulo Veiga, CEO e fundador do Grupo EAD, afirma que parte integrante da política da empresa está o compromisso de “minimizar a utilização de recursos naturais”, promovendo a “dinamização interna e externa de boas práticas”, visando a melhoria contínua do desempenho ambiental: “Garantimos o cumprimento dos requisitos legais, normativos e outros, e a prevenção da poluição, desenvolvendo as melhores práticas ambientais em prol do Grupo EAD e da sociedade em geral”.

Desde 2008 que a EAD é certificada pela Norma ISO 14001 e, desde sempre, que a decisão estratégica assenta em “avançar para um projeto de redução dos consumos e reciclagem segura de todos os resíduos produzidos” no âmbito da atividade operacional: “Fomos a primeira empresa, no ramo da gestão documental em Portugal, a implementar um sistema de gestão ambiental”, sustenta.

Através do serviço de Reciclagem Segura de Arquivo de Documentação que disponibiliza, a EAD tem registado um “aumento do papel reciclado: dos 662.238 quilos em 2020 para os 735.753 quilos em 2021”. Tal aumento, de acordo com o empresário, justifica-se pela” maior procura deste serviço”, nomeadamente, por parte de “organizações dos setores da banca, seguros e de laboratórios de análises clínicas (devido à pandemia)”. Também, o “acréscimo no número de clientes, de menor dimensão”, tem contribuído para este crescimento: “Os quais demostraram uma preocupação acrescida com o tratamento dado ao resíduo de papel no final da sua vida útil”. Paulo Veiga acredita que a “necessidade cada vez maior de as empresa se posicionarem na vanguarda do mercado”, obtendo “vantagem competitiva sobre os seus mais diretos concorrentes” e “aproveitando o que de melhor a tecnologia tem para oferecer, recorrendo a soluções tecnológicas que permitam uma rápida otimização das suas áreas de negócio, com ganhos de eficiência, aumento de produtividade, e consequente redução da pegada ecológica”, veio mudar o conceito de outsourcing: “Tudo isto criou no Grupo EAD oportunidade de negócio”.

Para além da “reciclagem segura de arquivo e documentação”, a EAD mantém no seu dia-a-dia políticas que promovem a redução da sua pegada ambiental. Ao nível da frota, a empresa conta com “doze viaturas que onde se inclui sistema de GPS que visa, além da segurança da informação e localização dos veículos, monitorizar consumos e limites de velocidade, bem como a rentabilização de rotas”. Foram instalados “detetores de presença em áreas com ocupação temporária”, como as “casas de banho” e as “entradas de edifícios”, bem como “torneiras de pressão com redutores do caudal”. Também, é assegurado o “controlo mensal” do consumo de energia elétrica: “Sempre que haja desvios é analisada a causa e são feitas propostas de melhoria ou de correção da situação”. Ainda em matérias de energia, o CEO da EAD refere que a “iluminação existente” é composta por “lâmpadas LED”. No que aos colaboradores diz respeito, a EAD aposta em formação contínua no sentido de garantir uma “maior consciencialização de grupo na redução da pegada ambiental”, nomeadamente para a “redução dos consumos de água e de energia, desligando as luzes, os computadores e os monitores sempre que não sejam utilizados”, exemplifica

Desde 2015 que a empresa colocou um sistema de “free-cooling” na sala de Data Center, que permite o “aproveitamento do ar frio da rua, injetando-o no interior da sala, para que o equipamento de ar condicionado esteja desligado mais tempo”. No sentido de “reduzir o consumo de água da rede”, a EAD instalou, também em 2015, um “reservatório de 42 mil litros para o aproveitamento da água da chuva por forma a ajudar na rega do jardim”, em especial durante os meses de menos chuva, adianta o responsável.

Ainda dentro das ações que fazem parte da política ambiental da EAD está a capacidade de atuar em caso de emergência ambiental, isto é “organizar, de forma sistemática, e acionar os sistemas de combate e de socorro, prevenindo e minimizando os danos associados a possíveis desastres ambientais”, sustenta.

[blockquote style=”2″]“Não há condições objetivas para, neste momento, realizar um projeto (verde)”[/blockquote]

Quando questionado sobre ações futuras previstas, Paulo Veiga refere que a “inovação” faz parte do ADN da EAD: “É o que nos move, é o que nos faz seguir em frente na satisfação das necessidades dos nossos clientes”. Com base nessa premissa, foi implementada, recentemente, uma “plataforma de inovação”, onde se lançou vários desafios aos colaboradores para que possam dar ideias no caminho da inovação: “Um dos desafios foi, exatamente, sobre formas de melhorar a eficiência energética e a reutilização de equipamentos e materiais”. Com este desafio, pretende que a EAD seja um “empresa de referência” no que diz respeito à “transformação ecológica”, adaptando os “padrões de consumo energético” e “desenvolvendo soluções inteligentes para valorização dos resíduos e reaproveitamento/reutilização de equipamentos e materiais de forma a potenciar a economia circular”. A aceitação ao desafio tem sido um “enorme sucesso”, tendo sido rececionadas várias ideias que irão ser implementadas, adianta o empresário.

Mesmo com uma política ambiental bem posicionada e no topo das prioridades da EAD, Paulo Veiga admite que há entraves que condicionam a empresa a ser mais verde: “O aumento diário das matérias-primas, aliado aos atrasos nos fornecimentos de materiais” são os atuais desafios. “Por melhores que sejam os projetos e os incentivos, está muito complicado fazer um bom projeto verde”, alerta o responsável, dando como exemplo, “os painéis solares que pura e simplesmente não existem e os preços apresentados têm apenas 15 dias de validade”. Portanto: “Não é fácil para uma PME tomar uma decisão de alguns milhares de euros em duas semanas. Não há condições objetivas para, neste momento, realizar um projeto desses”, lamenta.

Apesar dos desafios, Paulo Veiga acredita que a cada ano há uma evolução por parte das empresas em tornarem-se mais sustentáveis: “Cabe às pequenas, médias e grandes empresas terem um papel fundamental no processo de desenvolvimento de medidas mais amigas do ambiente”. Cabe, assim, ao tecido empresarial “investir na mitigação das variáveis indesejadas e com características nocivas para o ambiente: Para tal, temos de investir e produzir de uma forma mais limpa e consciente, condizentes com as normas de qualidade e meio ambiente, reutilizar matérias-primas, incentivar a economia circular e criar emprego com uma mão-de-obra mais especializada, a fim de inserir no mercado de trabalho profissionais que tenham uma visão sustentável e inovadora de produção”. Nesta equação, acresce o facto de o consumidor, hoje, se mais preocupado e procurar, cada vez mais, por produtos ou serviços sustentáveis, sendo que as empresa têm de acompanhar a tendência: “Todos temos de ter esta consciência e investir na qualidade como melhoria fundamental para o crescimento das empresas. É preciso ter visão de futuro e perceber, de uma vez por todas, que os recursos disponíveis são finitos”.

Quais as perspetivas para os próximos 10 anos?

As perspetivas de negócio a 10 anos não são possíveis de identificar. Claro que temos planos a três anos que revemos e atualizamos anualmente, mas uma previsão de longo prazo neste contexto, no atual ecossistema em que estamos inseridos, é de todo difícil. Contudo, a preocupação ambiental estará sempre presente em todas as decisões tomadas, daí também termos criado uma plataforma da inovação que nos ajude a resolver parte destes desafios. Claro que daqui a 10 anos, com mais arquivos ou menos, com mais informação digital ou menos, estaremos ainda a solucionar problemas de gestão documental aos nossos clientes. Ao longo de quase 30 anos já demonstrámos várias vezes a nossa capacidade de adaptação, está no nosso ADN e, portanto, isso não muda.