#Economia Circular: Águas do Algarve quer chamar a atenção da população para a mudança de paradigma

A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana partilhamos a ação da Águas do Algarve.

Desde a sua génese que a educação ambiental faz parte das prioridades da Águas do Algarve: “É, para nós, uma área da mais elevada responsabilidade” e que passa por “todos os setores da empresa” e em “todas as atividades” que desenvolvem. Teresa Fernandes, responsável de comunicação da Águas do Algarve, reforça que, tratando-se de uma empresa ligada ao ambiente, “deve ser nosso contributo” formar os cidadãos para que se tornem “mais conscientes, melhor informados e mais ativos na consolidação das melhores práticas ambientais”. É assim que surge o encontro “Desafios da Águas”. Pela primeira vez no país, recorda a responsável, foi organizado um “evento internacional” que reuniu no mesmo espaço para discussão de temas ligados ao ambiente, ao longo de dois dias, “pessoas de todas as idades”. E o facto da Águas do Algarve estar presente em todos os 16 municípios é uma mais-valia, permitindo à dinamização de diversos projetos de sensibilização, envolvendo e responsabilizando os cidadãos em questões como a “preservação dos recursos hídricos”, a “importância da qualidade e da disponibilidade da água para a vida em sociedade”, o “uso eficiente e reutilização da água”, e a “aplicação de boas práticas ambientais”, em concertação com aquelas que são também “as orientações para uma economia que se pretende cada vez mais circular”, refere. Esta ação é motivo de orgulho para Teresa Fernandes: “Cumpriu com a premissa de estimular a participação de todas as camadas da população, com diferentes formações”. Mas defende que a “contribuição para a mudança de mentalidades e de hábitos” para a “criação de consciências coletivas e individuais mais amigas do ambiente” deve ser uma “missão assumida e partilhada por todos”, enquanto “empresas e, especialmente, enquanto indivíduos dotados de inteligência”.

Já são claras e inequívocas as alterações climáticas e degradação ambiental que se faz sentir por todo o planeta. E a complexidade do processo de comunicação e os desafios que apresentam é uma realidade que, do ponto de vista da responsável, exige “maior urgência na formulação de uma nova visão estratégica colaborativa” centrada no “uso eficiente dos recursos naturais” e no “desenvolvimento de uma nova narrativa Educacional”. Assim, a primeira edição dos “Desafios da Água” atendeu a essas preocupações: “Trata-se de um evento único que, em dois dias, agrupou grandes especialistas nacionais e internacionais”, ao mesmo tempo que permitiu à “reflexão” sobre a problemática. Sendo as alterações climáticas e os desafios da água os temas mais prementes e de atuação urgente, Teresa Fernandes não tem dúvidas de que “devem ser integradas com os diferentes segmentos e faixas etárias da população” e, consequentemente, “andar de mãos dadas e alinhadas naquelas que são as orientações e objetivos que todos perseguimos”. Além da consciencialização, a ação transformou mesmo “os visitantes em atores ativos no processo da mudança” de paradigma, onde “as atitudes, os hábitos e os valores devem ser “balizados por uma nova postura ética e consistente” relativamente aos recursos naturais e à vida na terra, sustenta.

“Nos recursos hídricos, há ainda um caminho difícil a percorrer”

Quando se fala em economia circular, fala-se também em recursos hídricos: “andam de mãos dadas, não podendo ser separadas”, refere a responsável. Embora a temática não seja recente, há hoje, e mais do que nunca, uma atenção redobrada no que à economia circular diz respeito: “Trata-se de um assunto que é tema incontornável da agenda política atual, através do Ministério do Ambiente que tem vindo a acompanhar ativamente a estratégia europeia nestas matérias”.

Contudo, Teresa Fernandes sabe que a transição global para uma verdadeira economia circular tem vindo a “desencadear grandes desafios” para a “administração pública”, para as “empresas”, para os “consumidores” e para a “economia em geral”. Mas, mesmo assim, reconhece que, em Portugal, há “vários exemplos com notáveis casos de sucesso e em diferentes setores de atividade”, ilustrando uma “mudança na exigência dos consumidores” e formas de “atuação de empresas e instituições” na “transição para uma economia mais circular, maior competitividade e resiliência da economia”.

Ainda assim, os recursos hídricos são um tema para o qual a responsável considera que “há ainda um caminho difícil a percorrer”, notando a existência de “resistências e barreiras a ultrapassar” numa “necessária e urgente mudança de paradigma e de mentalidades”. E associado a esta questão, está o “aumento da pressão no consumo” nas várias “necessidades humanas”, evidenciando a “importância do recurso” no dia-a-dia. Paralelamente ao aumento da procura, Teresa Fernandes afirma que já se sente o “impacto das alterações climáticas” na “redução e maior escassez das disponibilidades hídricas” do país e que se “agravarão no futuro”. A responsável dá como exemplos de boas práticas as “águas tratadas em ETAR” que se apresentam com um “elevado potencial significativo de reutilização”, constituindo-se como um “recurso alternativo para dar resposta a parte das necessidades hídricas no futuro” mas também no presente, “podendo levar a uma redução no consumo de água potável na ordem dos 50%”. Além disso, acrescenta, o “uso de recursos hídricos não convencionais”, como é o caso da “reutilização de águas residuais tratadas”, proporciona “consideráveis benefícios ambientais, sociais e económicos”, sendo por isso “expectável que esta prática assuma uma maior relevância” e “aceitação num futuro próximo”, tornando-se uma “componente essencial na gestão sustentável da água”.

Questionada sobre o facto da pandemia da Covid-19 trazer ainda mais desafios ao setor, Teresa Fernandes é perentória: “Estamos numa fase de mudança de paradigma e de mentalidades. Não tenho dúvidas de que a Covid-19 integra um dos fatores que irá contribuir para essa mudança e da nossa forma de estar no planeta”.

O setor da Água daqui a 30 anos… 

Honestamente? Não sei responder. À velocidade que estamos a viver, com mudanças climáticas tão significativas a nível global, onde também o ciclo global da água tem sofrido alterações, é difícil fazer qualquer previsão com esta longevidade, estando também dependentes das atuações governamentais, coletivas, a nível mundial.É fundamental que se levem as alterações climáticas a sério, acreditando que o aquecimento global (com um limitado acesso à água potável) é a maior ameaça à vida humana no planeta. Acredito, contudo, na inteligência humana e na nossa capacidade de nos elevarmos perante as mais difíceis adversidades, garantindo um futuro sustentável para todas as próximas gerações vindouras.

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