#Economia Circular: “Tu Decides Reciclar” quer aproximar a sociedade da prática regular da reciclagem do plástico

A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana partilhamos o projeto “Tu Decides Reciclar”.

O programa “Tu Decides Reciclar” visa, acima de tudo, a consciencialização da população portuguesa em relação ao estado atual do ambiente e à importância da reciclagem do plástico. Quem o diz é Luís Barroca Monteiro, fundador do projeto, destacando que as “sessões práticas” que promovem, nas escolas ou empresas, permitem aos participantes e sociedade em geral “ver todo o processo de transformação de resíduos de plástico em novos objetos” que sejam “visíveis no seu dia-a-dia”, por forma a “fazer perdurar a mensagem”. Para o responsável, a mensagem que é transmitida nestas sessões permite, também, aproximar a sociedade em geral dos hábitos de reciclagem, promovendo à sua prática regular.

Um dos objetivos deste programa é, assim, chamar a atenção para a necessidade da mudança de paradigma, relativamente ao uso corrente do plástico “Queremos mudar a forma como as pessoas lidam com este produto”, refere o responsável. De forma a passar uma mensagem credível e transparente à população, Luís Barroca Monteiro destaca que uma das grandes ambições passa, primeiramente, por “implementar o programa em todas as escolas do país”. Depois, através de uma rede de empresas parceiras, solidificar ainda mais o projeto: “É uma forma de chegarmos também à população ativa e ativarmos o programa “Tu Decides Habitar” que visa também, a inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sem abrigo”. Luís Barroca Monteiro não tem dúvidas quanto às vantagens ambientais deste programa: “Vamos levar a que cada um de nós tenha incutido em si o saber recusar, reduzir, reutilizar e reciclar o plástico, de uma forma natural”. 

Aumentar o nível de atuação das pessoas

Questionado sobre o facto de Portugal estar num bom caminho no que diz respeito à prática de reciclagem ou à gestão de resíduos, o fundador do projeto afirma que, “são cada vez mais as iniciativas” que se vêm ano após ano, nesse sentido. No entanto, chama a atenção para a “dimensão do problema”, pelo que, a atuação das pessoas é fundamental para minimizar o desafio, não cabendo só às instituições ou empresas agir: “É precisamente por isso que o nosso projeto nasceu, porque sentimos que não podemos continuar a entregar a responsabilidade toda aos municípios ou às empresas de tratamento de resíduos”. E nestas matérias, alerta o responsável, há um longo caminho a fazer.

Quanto ao papel dos líderes políticos nestas matérias, Luís Barroca Monteiro considera que a aposta deve recair, essencialmente, em proporcionar à “população” e às “empresas” que operem nestas matérias “ferramentas para que a aplicação de medidas efetivas ocorra no menor espaço de tempo possível”. Assim, devem “envolver e avaliar a sociedade civil” por forma a “levar ao sentimento de pertença, não do problema, mas da solução”, sustenta. Embora, não seja a favor da “imposição de leis que se traduzem em coimas” para levar as pessoas a agir, o responsável, reconhece que, na maioria das vezes, “essa é a forma de se conseguir que as pessoas atuem”. Exemplo disso, é a “recente legislação sobre as beatas”, algo que se “fala há tanto tempo, mas que as pessoas, na sua maioria, não abandonaram os maus hábitos”, refere.

Já no que à pandemia da Covid-19 diz respeito, o responsável refere que os desafios são agora maiores: “Todos sabemos do problema das máscaras pelo chão por todo o lado, mas julgo que esse é o problema visível, mas não o maior”. Do ponto de vista do responsável, o grande desafio está na “motivação” ou na “falta dela”, de “cada pessoa”, dos “estabelecimentos comerciais” e das “incertezas que existem sobre o futuro”. Portanto, Luís Barroca Monteiro considera que, no contexto atual, as “questões ambientais” e o “tratamento dos resíduos” não são a principal preocupação das pessoas. 

O setor dos Resíduos daqui a 30 anos… 

Sou um otimista por natureza e acredito que de uma forma geral a população está a despertar para o problema dos resíduos no mundo. Porém, a velocidade que os mesmos são gerados é superior à velocidade que a alteração de hábitos das pessoas ocorre e, assim, não acredito que daqui a 30 anos se esteja num processo inverso ao que acontece atualmente.Sinto ainda assim que ao longo destes 30 anos não só vão aparecer pessoas a lutar de uma forma realista sobre o problema dos resíduos no mundo, mas também que vão surgir inúmeras inovações sobre a forma como substituir produtos nocivos no ambiente.