Economia Circular, Valorização e Sustentabilidade do Setor dos Recursos Minerais

Por: Marisa Almeida, Anabela Amado e António Silva (Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro)

Estes materiais são recursos não renováveis, ou seja, finitos. Como estamos na presença de recursos naturais, nem sempre são conseguidos parâmetros de qualidade constante ao longo do tempo, na medida em que os respetivos depósitos podem possuem variações que vão alterar as características das matérias-primas, por isso é fundamental garantir a disponibilidade dos recursos minerais para as gerações futuras com vista ao seu desenvolvimento sustentável.

Marisa Almeida

A exploração responsável dos recursos geológicos constitui um meio importante de desenvolvimento, sendo uma alavanca para a melhoria do desempenho da economia nacional. Como tal, é crucial consolidar as políticas e medidas de sustentabilidade, nomeadamente no campo da economia circular, de forma a contemplar de modo integrado as vertentes económica, social e ambiental. Alinhando simultaneamente com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, particularmente o Objetivo 12: Produção e Consumo Sustentáveis, que refere alcançar a gestão sustentável e o uso e ciente dos recursos naturais.

Anabela Amado

Embora a exploração de recursos minerais represente riscos ambientais, a indústria extrativa também oferece oportunidades, por isso é cada vez mais importante proceder à implementação das melhores práticas, “green mining”, de modo a reduzir ou mitigar os impactes ambientais negativos associa- dos a esta atividade. Destas destacam-se o uso de métodos e os equipamentos que garantam uma exploração de recursos eficaz e rentável, a rega de acessos às instalações mineiras, a reutilização de terras no processo de recuperação, construção/manutenção de cortinas arbóreas no perímetro da exploração, a garantia do bom funcionamento dos equipamentos, a utilização de químicos/ /óleos biodegradáveis, implementação de bacias de decantação e uma adequada rede de drenagem de águas e assegurar o corre- to armazenamento temporário dos resíduos produzidos, entre outras medidas.

António Silva

A indústria transformadora, nomeadamente a indústria cerâmica e o processamento de pedra natural, tem cada vez mais de promover estratégias que garantam recursos estratégicos para o desenvolvimento dos seus materiais, incluindo estudos de incorporação de matérias-primas alternativas aos materiais tradicionais (matérias-primas secundárias), nomeadamente resíduos e/ou subprodutos, não comprometendo a qualidade dos produtos finais e contribuir para a economia circular, numa perspetiva holística de ciclo de vida.

O CTCV, como entidade que presta apoio à indústria e Centro de Tecnologia e Inovação – CTI, tem desenvolvido, neste âmbito, alguns estudos que se mostraram bastante promissores, com a substituição de matérias-primas naturais por resíduos de outras leiras industriais, contribuindo para o estabelecimento de simbioses industriais. Alguns destes estudos foram desenvolvidos com resíduos da indústria extrativa e transformadora de pedra natural, nomeadamente lamas resultantes de corte e serragem, nos quais se confirmou a viabilidade de incorporação destes materiais em pastas cerâmicas.

Este aumento de circularidade requer uma “nova” visão sobre os fatores chave de sucesso em toda a cadeia de valor do produto, desde a sua conceção até ao seu m de vida, numa abordagem holística, e utilizando ferramentas robustas como a avaliação de ciclo de vida (ACV) de forma a percecionar os pontos críticos e áreas de melhoria de desempenho.

*Este artigo foi incluído na edição 98 da Ambiente Magazine